Nicolás Maduro: ele se disse "um presidente de diálogo" (Spencer Platt/Getty Images)
Agência Brasil
Publicado em 26 de outubro de 2016 às 20h48.
Última atualização em 26 de outubro de 2016 às 20h57.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, declarou hoje (26) que o Conselho de Defesa da Nação, convocado por ele, deverá seguir em "sessão permanente".
Maduro convocou para a manhã de hoje, às 11h (13h30 no horário de Brasília), uma sessão do Conselho para analisar a sessão da Assembleia Nacional, que aprovou a abertura de um julgamento sobre a responsabilidade política de Maduro.
Maduro chamou o procedimento iniciado pelos parlamentares de "golpe parlamentar" e, na sessão de hoje do Conselho, indicou seu caráter permanente.
"Quero que instalemos uma sessão permanente para atender este momento, esta conjuntura de final de ano, com a maior sabedoria e o critério mais amplo possível", disse.
A decisão do parlamento - em uma agitada sessão - foi a de iniciar um julgamento político e legal contra Maduro por ruptura da ordem constitucional e abandono a suas funções.
Se o presidente venezuelano diz que há um golpe em curso contra ele, o discurso da oposição na Assembleia Nacional é de que Maduro promove um "golpe de Estado" por conta da suspensão de um referendo que poderia revogar seu mandato.
Na sessão de hoje do Conselho de Defesa, Maduro reiterou o chamado feito ao presidente da Assembleia Nacional e líder da oposição, Henry Ramos, para participar do Conselho de Defesa Nacional e transmitiu o desejo de estabelecer um diálogo.
Maduro se disse "um presidente de diálogo" e disse que quer expor a Ramos as "propostas de um país inteiro que tem sabido enfrentar todas as conjunturas".
O Conselho de Defesa está previsto na Constituição venezuelana. Ela assinala que este é o órgão máximo de consulta para o planejamento e assessoramento nos assuntos relacionados com a defesa da nação.
Para Maduro, a democracia do país está sob ameaça. O Conselho foi convocado pela última vez em 2015, quando os Estados Unidos declararam que a Venezuela era uma ameaça à segurança nacional.
Povo nas ruas
Ontem, chavistas foram às ruas e repetiam gritos como "o povo o quer, dissolva a Assembleia" e "Venezuela não é Brasil", fazendo alusão ao impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
A Agência Venezuelana de Notícias (AVN), ligada ao governo de Maduro, publicou um vídeo onde o presidente saúda milhares de pessoas no Palácio de Miraflores, sede do governo, na tarde de hoje.
A imprensa local, por sua vez, relata manifestações contra o presidente nas ruas de Caracas e outras capitais na tarde de hoje. Durante os protestos contra a suspensão do referendo revogatório, a polícia e os manifestantes entraram em confronto.
Em Mérida, no norte do país, pelo menos 27 pessoas teriam se ferido no confronto com a polícia.
A oposição do país convocou uma greve-geral de 12 horas para esta sexta-feira (28) e uma marcha à sede do governo no dia 3 de novembro, para exigir a reativação do referendo.
* Com informações das agências Ansa, Télam e AVN