Presidente venezuelano Nicolás Maduro com Evo Morales em Cochabamba: "lamento muito que o presidente Santos tenha dado credibilidade à direita fascista venezuelana", disse Maduro (Danilo Balderrama/Reuters/Reuters)
Da Redação
Publicado em 31 de maio de 2013 às 08h27.
Caracas - O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou o homólogo colombiano, Juan Manuel Santos, de "traição", na quinta-feira, dizendo que perdeu a confiança nele devido ao encontro com o líder da oposição venezuelana, Henrique Capriles.
Maduro disse que estava colocando em análise as relações bilaterais, que eram frequentemente hostis durante o governo socialista de 14 anos de seu antecessor, Hugo Chávez, após a reunião de Santos com Capriles, na quarta-feira.
O líder da oposição venezuelana, um governador favorável aos mercados, viajou à Colômbia para levar sua queixa contra o resultado da eleição presidencial do mês passado, que foi vencida por Maduro com apenas 1,5 ponto percentual de vantagem.
"Lamento muito que o presidente Santos tenha dado credibilidade à direita fascista venezuelana", disse Maduro, de 50 anos, novamente acusando Capriles de conspirar para derrubá-lo e dizendo que agora o governo colombiano está alinhado com esse plano.
"Há tempo para retificação, que é o que pedimos. Enquanto isso, vamos continuar a avaliar todas as nossas relações com o governo colombiano", acrescentou.
A Venezuela já retirou seu embaixador das negociações de paz realizadas em Cuba entre o governo colombiano e a guerrilha marxista Farc, em protesto contra a reunião de Santos com Capriles.
"Fiz esforços com as guerrilhas colombianas para alcançar a paz na Colômbia", disse Maduro durante um discurso no centro da cidade de Valência, transmitido ao vivo pela TV estatal. "Agora, eles vão nos pagar assim, com a traição. Perdi a confiança no presidente Santos, a menos que ele me mostra o contrário." A Colômbia é um importante aliado dos EUA e o governo anterior ao de Santos teve relações terríveis com a administração de Chávez.
Mas, apesar das diferenças ideológicas, Santos fez as pazes com Chávez em nome do pragmatismo e de solidariedade regional, após chegar ao poder em 2010. Isso ajudou o comércio e permitiu que ambos os lados perseguissem guerrilheiros, traficantes e paramilitares em sua longa fronteira.
Ainda em Bogotá na quinta-feira, Capriles considerou exagerado e injustificada a raiva das autoridades venezuelanas sobre seu encontro com Santos. Minutos após os comentários de Maduro, ele deu uma resposta contundente via Twitter.
"Ele perdeu o rumo. Ele não sabe para onde está indo -- incompetência e ilegitimidade combinados!".