O presidente da França, Emmanuel Macron, está ao lado da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen (Antoine Gyori/Getty Images)
Agência de Notícias
Publicado em 5 de dezembro de 2024 às 11h56.
O presidente da França, Emmanuel Macron, reiterou a sua oposição ao tratado entre União Europeia e Mercosul em seu estado atual, durante uma conversa com a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que está em Montevidéu para participar da cúpula do bloco sul-americano.
“O projeto de acordo entre UE e Mercosul é inaceitável em seu estado atual. O presidente disse isso novamente à presidente da Comissão Europeia”, divulgou o Palácio do Eliseu, sede do governo francês, em comunicado na rede social X nesta quinta-feira, 5.
A França parece ser o principal obstáculo para esse acordo, que tem o apoio de Alemanha e Espanha.
“Continuaremos a defender incansavelmente nossa soberania agrícola”, acrescentou a presidência francesa.
Essa nova advertência de Macron contra o acordo com o Mercosul ocorre depois que a chefe do Executivo da UE confirmou sua viagem a Montevidéu, onde está sendo realizada uma cúpula da aliança formada por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, uma presença que é interpretada como um endosso do acordo com a UE.
“Aterrissando na América Latina. A linha de chegada do acordo UE-Mercosul está à vista. Vamos trabalhar juntos para superá-la”, escreveu Von der Leyen na mesma rede social.
Ela acrescentou que esse é o “maior acordo de comércio e investimento já visto” e que “ambas as regiões serão beneficiadas”.
Essa é uma opinião que não é compartilhada por Paris, que acredita que alguns de seus setores, principalmente a agricultura e a pecuária, podem ser prejudicados por concorrência desleal com países do Mercosul, que não estão sujeitos às mesmas exigências sanitárias e ambientais.
O presidente francês terá a oportunidade de expor seu ponto de vista pessoalmente a Von del Leyen neste fim de semana, já que a chefe do Executivo da UE deverá comparecer à reabertura da Catedral de Notre-Dame.
Nas últimas semanas, organizações agrícolas francesas mobilizaram manifestações contra o acordo, o que levou o primeiro-ministro, Michel Barnier, a convocar um debate parlamentar para mostrar a Bruxelas a rejeição da França ao acordo.
Essa posição contra o acordo é um dos poucos pontos que unem toda a classe política francesa, como ficou claro no debate parlamentar. O próprio Barnier, que foi comissário europeu, ministro da Agricultura francês e negociador do Brexit, mostrou novamente sua rejeição ao pacto UE-Mercosul em seu último discurso na Assembleia Nacional na quarta-feira, antes que uma moção de censura o removesse da chefia do governo.