Macron e May: não foi informado se eles conversarão sobre o Brexit (Stephane De Sakutin/Reuters)
Estadão Conteúdo
Publicado em 12 de junho de 2017 às 16h25.
Última atualização em 12 de junho de 2017 às 19h54.
Reino Unido e França planejam ações mais duras para combater a radicalização e anunciaram, nesta segunda-feira, uma nova campanha conjunta para impedir que a internet seja um espaço seguro para terroristas.
Nesta terça-feira, o presidente francês, Emmanuel Macron, e a primeira-ministra britânica, Theresa May, se reúnem em uma conversa que deve incluir a exploração de possibilidades de criar uma nova responsabilidade legal para as empresas de tecnologia.
"Estamos unidos em nossa condenação total ao terrorismo, com o compromisso de erradicar esse mal", disse May.
Nos últimos meses, ela tem pressionado as empresas de tecnologia a fazerem mais para frustrar a propagação de conteúdo terrorista na internet.
Em um discurso na sequência de ataques na London Bridge, May insistiu que "não podemos permitir que essa ideologia tenha o espaço seguro que precisa para se expandir".
Para ela, a internet e as grandes empresas de tecnologia fornecem esse espaço.
Especialistas em tecnologia questionam qual tipo de regulamento poderia ser proposto, uma vez que as leis britânicas já estão entre as mais duras.
Uma lei conhecida como Snooper Letter confere às autoridades britânicas o poder de examinar os registros de navegação na internet de todos os que estão no país.
Entre outras coisas, a lei exige que as empresas de telecomunicações mantenham registros de atividades na internet de todos os usuários por um ano, criando bases de dados de informações pessoais que as empresas se preocupam, já que podem ser vulneráveis a vazamentos e a ataques hackers.
Pesquisadora sênior de Internet e Direitos Humanos da Human Rights Watch, Cynthia Wong disse que ninguém deveria se surpreender com o fato de que os smartphones e as mídias sociais são usados nos ataques porque são "as ferramentas da vida moderna".
Para ela, "o problema aqui é que é como culpar os fabricantes de caminhões ou de facas".
Segundo a pesquisadora, não é como se as empresas de tecnologia não estivessem dispostas a ajudar. "Não é como se elas não estivessem fazendo nada.
O problema é que existe uma grande escala", disse ela, ao citar centenas de horas de vídeo a cada minuto. Parte do problema, também, é que ninguém tem certeza do que a primeira-ministra britânica pretende pedir.