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Macron defende reforma da Previdência e compara protestos com o 8 de janeiro no Brasil

O presidente francês disse em entrevista televisionada nesta quarta-feira, 22, que deseja que a reforma entre em vigor até o fim do ano

Macron: atos contra a reforma da Previdência francesa (Nathan Laine/Bloomberg/Getty Images)

Macron: atos contra a reforma da Previdência francesa (Nathan Laine/Bloomberg/Getty Images)

Publicado em 22 de março de 2023 às 12h18.

Última atualização em 22 de março de 2023 às 12h19.

O presidente francês, Emmanuel Macron, defendeu nesta quarta-feira, 22, a entrada em vigor de sua reforma da Previdência até o final do ano. As declarações ocorreram em sua primeira entrevista televisionada desde que o governo sobreviveu a uma moção de confiança no Parlamento.

"Esta reforma é necessária. Não me faz feliz. Teria preferido não fazê-la", disse o presidente em uma entrevista aos canais TF1 e France 2, na qual reconheceu a "impopularidade" da medida.

A reforma da Previdência apoiada por Macron aumenta de 62 para 64 anos a idade mínima de aposentadoria, o que originou os protestos em âmbito nacional e a maior crise para o governo desde o episódio dos "coletes amarelos" há seis anos.

Macron usou um dispositivo na lei francesa para conseguir implementar a reforma por decreto, sem precisar de aprovação no Parlamento.

A reforma se encontra agora no Conselho Constitucional, onde é comum que as medidas sejam aprovadas. O conselho deve decidir sobre os recursos apresentados pela oposição e os questionamentos do governo, antes da eventual entrada em vigor, que Macron deseja que aconteça "até o fim do ano".

Macron compara protestos ao Brasil

O presidente considerou nas falas desta quarta-feira que seu único erro foi "não conseguir convencer" a população sobre a necessidade da reforma. Macron também criticou os manifestantes, que chamou de "sediciosos", e os comparou ao ataque ao Capitólio dos Estados Unidos em 2021 e os episódios de 8 de janeiro no Brasil em 2023.

"Os sindicatos também têm legitimidade e direito de se manifestar. Mas é inaceitável quando grupos utilizam violência extrema para agredir parlamentares porque não estão contentes com alguma coisa. É inaceitável, como foi inaceitável o que aconteceu nos EUA com a invasão do Capitólio e o que se passou no Brasil", disse o presidente francês, em referência aos ataques aos Três Poderes no Brasil.

"Não vamos tolerar nenhuma violência", acrescentou.

Desde a quinta-feira da semana passada, quando o presidente decidiu adotar a reforma por decreto, os protestos aumentaram em várias cidades da França. Milhares de manifestantes, em sua maioria jovens, incendeiam latas de lixo em uma disputa com a polícia.

Retrato oficial de Macron é colocado em estrada durante protestos: atos contra a reforma da Previdência francesa (AFP/AFP)

Paralelamente, a oposição de esquerda, sindicatos de advogados, magistrados e ONGs, como a Liga dos Direitos Humanos e a Anistia Internacional, também têm feito alertas sobre a ação da polícia, com críticas a uma violência dos agentes.

O que está na reforma da Previdência francesa

Macron reiterou que as alterações nas regras das aposentadorias francesas buscam evitar um "déficit" na Previdência local.

  • A proposta inclui aumento da idade de aposentadoria de 62 para 64 anos a partir de 2030;
  • Antecipação para 2027 da exigência de tempo de contribuição por 43 anos, e não mais 42, para ter direito a uma pensão completa.

Macron fez as declarações na véspera de um novo dia de greve e manifestações, convocado pelos sindicatos para a quinta-feira, 23. Os movimentos conseguiram no dia 7 de março conseguiram levar às ruas entre 1,28 e 3,5 milhões de pessoas, nos maiores protestos contra uma reforma social em três décadas no país.

Embora não precise do Parlamento diretamente para aprovar a medida por decreto, Macron também foi alvo de votação nesta semana, mas saiu vitorioso. 

Na segunda-feira, 20, o governo Macron sobreviveu a duas moções de confiança no Parlamento, que, na prática, chancelaram a reforma. Uma das moções chegou a ter 278 votos contra o governo, ainda assim ficando abaixo dos 287 necessários. A aliança de centro que apoia o governo tem maioria no Parlamento.

Com o resultado, Macron chegou a dizer na entrevista desta terça-feira que, se algum grupo de oposição tiver votos suficientes no Parlamento, "que se apresente".

O líder do sindicato CGT, Philippe Martinez, disse que as declarações de Macron são "um desprezo pelos milhões de manifestantes". O chefe do Partido Socialista, Olivier Faure, disse que o presidente "colocou mais lenha em uma fogueira muito acesa".

(Com informações da AFP)

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