Cristina Kirchner: "Deixa claro que a presidente não quer colaborar", insistiu Macri (Ueslei Marcelino/Reuters)
Da Redação
Publicado em 2 de dezembro de 2015 às 11h14.
Buenos Aires - Mauricio Macri, presidente eleito da Argentina, afirmou nesta quarta-feira que Cristina Kirchner "não quer colaborar" no processo de transição, e afirmou que "em vez de sair pela porta da frente, continua mostrando que quer sair pela porta dos fundos".
"Cada coisa que faz acreditando que é contra nosso governo, é contra a Argentina", disse Macri em entrevista à imprensa após apresentar formalmente sua equipe de governo.
Os desencontros entre a presidente e Macri se tornaram evidentes na primeira, e até agora única, reunião após a vitória do líder do Mudemos, e se acentuaram nos últimos dias, há apenas uma semana de Cristina passar a faixa para ele.
"Dá a sensação que continua dedicada ao tema de quantos problemas novos, quantos impedimentos novos poderão criar para o próximo governo", denunciou Macri.
A última polêmica é a decisão tomada terça-feira por Cristina sobre o financiamento às províncias, que deixa Macri com uma milionária parte do orçamento comprometida antes mesmo de iniciar seu mandato.
"Deixa claro que a presidente não quer colaborar", insistiu Macri, que assumirá a presidência no próximo dia 10.
Nem os detalhes da cerimônia de posse foram fechados.
"Estamos nessas conversas. Até agora não pudemos nos entender. Confio que a presidente vai entender que essa é a cerimônia que marca a história e que temos que recuperá-la", apontou Macri.
"Vemos um fim de governo em que a incapacidade de gestão vai se materializando com mais clareza. Nada os alcança, aparecem dívidas todos os dias, nomeações novas todos os dias", denunciou.
O presidente eleito apresentou hoje os membros de seu futuro gabinete, que definiu como "a melhor equipe dos últimos 50 anos", e que, disse, têm quatro prioridades: dedicação, coordenação e trabalho em equipe, boa comunicação e honestidade.
"Vou ser muito exigente, não vou ter nenhum tipo de tolerância. Não há impunidade nem isenções para ninguém", advertiu.
Conter a inflação, que organismos independentes cifram em cerca de 25%, e "levá-la a um dígito em um par de anos", é outra das metas do governo.
Macri antecipou também que viajará na sexta-feira a Brasília, para se reunir com a presidente, Dilma Rousseff, e depois ao Chile, onde se encontrará com a presidente Michelle Bachelet, com o objetivo de impulsionar "duas relações importantes que precisamos cultivar".