Quatro anos depois, a ponto de completar o primeiro aniversário da morte de Néstor Kirchner, em 27 de outubro, Cristina guarda um rigoroso luto e mudou o tom agressivo (Norberto Duarte/AFP)
Da Redação
Publicado em 21 de outubro de 2011 às 19h47.
Buenos Aires - A poucas semanas das eleições presidenciais argentinas, a grande favorita, a governante Cristina Fernandez de Kirchner, cresce nas pesquisas com uma imagem de moderação e sobriedade acentuada por um rigoroso luto, que de acordo com especialistas, favorece tanto sua aparência quanto sua estratégia política.
Ela está muito longe da candidata que em 2007 aspirava substituir seu marido, Néstor Kirchner, na Presidência e deixava que ele se ocupasse de negociar apoios com as 'famílias' peronistas.
Vestida com cores claras e alegres, acessórios chamativos, sapatos de salto agulha e muito maquiada, Cristina queria se transformar na primeira mulher presidente escolhida nas urnas na Argentina, e conseguiu.
Quatro anos depois, a ponto de completar o primeiro aniversário da morte de Néstor Kirchner, em 27 de outubro, Cristina guarda um rigoroso luto e mudou o tom agressivo de seus discursos por um tom conciliador e convidativo ao diálogo.
Paralelamente, ela ganhou poder dentro da estrutura de seu partido, o Justicialista (Peronista), arrasou nas primárias de 14 de agosto com mais de 50% dos votos, e continua crescendo nas pesquisas para as presidenciais do dia 23 de outubro.
O analista político Rosendo Fraga afirmou à Agência Efe que parte da chave do sucesso de Cristina é que ela soube conduzir melhor que seus oponentes os elementos 'não racionais' da política.
A viuvez, o luto, sua relação com os pesos pesados do peronismo e sua atitude com os líderes da oposição fizeram parte desta administração de elementos 'não racionais', opina o especialista.
Inclusive no luto a presidente soube inovar: 'Manteve-o muito formal nos primeiros seis meses e evoluiu à medida que se aproximava o primeiro aniversário da morte de seu marido, mostrando o pescoço e os ombros, decotes, algum colar de pérolas e algum toque branco', comenta o especialista Damián Faccini.
De acordo com este professor de imagem e protocolo, Cristina deixará progressivamente o luto depois de 27 de outubro: 'Irá diminuindo as mangas, mostrando o colo e se aproximando de tons pastéis, porque uma mudança brusca pode ser violenta para a percepção pública'.
A presidente, de acordo com Faccini, se ajustará ao protocolo argentino, que pede o negro para o primeiro ano e cinza, violeta ou lilás para o segundo ano.
Também o estilista Roberto Giordano prevê que após outubro a governante empreenderá um processo de renovação.
'Assim como é importante a inovação na política, também é na moda. É preciso inovar para se sentir bem, é meu conselho', afirma este reconhecido cabeleireiro argentino, que sugere à presidente tons mais claros e um corte no cabelo, além de mais naturalidade na maquiagem.
'A presidente se caracterizou por usar boas carteiras, boa roupa, bons sapatos. Falta uma maquiagem mais transparente, o cabelo um pouco mais curto, proporcional com seu rosto e sua altura, e um tom mais natural, mais luzes na parte superior do cabelo comprido', recomenda Giordano.
Menos maquiagem e acessórios mais discretos favoreceriam à presidente na opinião da jornalista Luz Moyano, convencida de que Cristina utiliza o luto como uma 'ferramenta a mais' em sua estratégia política.
'Através da roupa ela procura ter empatia com o povo e o luto é outra ferramenta a mais que usa para conseguir empatia. É como quando vai a Paris e põe uma boina, e quando viaja ao sul e veste um poncho de lã', afirma esta jornalista especializada em moda.
Enquanto uns e outros polemizam sobre seu estilo, CFK, como se referem seus seguidores a Cristina Fernández de Kirchner, continua subindo nas pesquisas e facilmente superará 50% nas eleições do dia 23 de outubro, segundo todas as previsões.