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Lutando contra o tempo, buscas por submarino argentino continuam

"ARA San Juan" estaria no limite de sua capacidade de oxigênio para sua tripulação

Base Naval de Mar del Plata, cidade portuária e maior balneário da Argentina, se transformou no epicentro da agoniante espera dos familiares (Marcos Brindicci/Reuters)

Base Naval de Mar del Plata, cidade portuária e maior balneário da Argentina, se transformou no epicentro da agoniante espera dos familiares (Marcos Brindicci/Reuters)

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AFP

Publicado em 22 de novembro de 2017 às 06h56.

A angustiante busca pelo submarino argentino perdido no Atlântico com 44 tripulantes a bordo há seis dias se intensificou nesta terça-feira (21) com forte colaboração internacional, graças a uma melhora das condições climáticas.

"A questão do oxigênio nos preocupa. (...) A situação mais crítica seria que estamos no sexto dia de oxigênio", informou o porta-voz da Marinha de guerra argentina, Enrique Balbi, durante coletiva em Buenos Aires.

Sem acesso à superfície, o "ARA San Juan" tem capacidade de oxigênio para sua tripulação por sete dias e sete noites.

"Não há rastros" do submarino, um dos três que a Argentina possui.

Balbi confirmou que o presidente argentino, Mauricio Macri, esteve nesta terça-feira na sede da Armada e se reuniu com comandantes. "Pediu que usemos todos os meios disponíveis" para encontrar o "ARA San Juan", disse o porta-voz.

Um bote inflável à deriva avistado na madrugada desta terça por um avião em meio a uma forte tempestade estava vazio e não pertence ao submarino, que zarpou há nove dias de Ushuaia, no extremo sul da Argentina, e era esperado no domingo passado no Mar del Plata, 400 quilômetros ao sul da capital, seu porto habitual.

Também foram avistados no horizonte dois artefatos pirotécnicos brancos sem localizar sua origem, mas presume-se que não sejam do "ARA San Juan", que tem sinalizadores vermelhos para emergências e verdes para treinamento.

Cerca de 4.000 efetivos de vários países - Estados Unidos, Grã-Bretanha, França, Alemanha, Brasil, Chile, Peru, Colômbia e Uruguai - participam da operação de busca e resgate em água argentinas, disseram as autoridades.

Lampejos de ilusão

Após terem se iludido nos últimos dias com dois indícios que resultaram negativos, a incerteza se transformou em angústia.

"É uma mistura de sensações: dor, impotência e momentos de esperança. A sensação é que eles estão vindo, que hoje vão nos dizer 'estão chegando'", confessou María Morales, mãe de Luis, um dos tripulantes, ao chegar nesta terça-feira à Base Naval do Mar del Plata.

Sete chamadas por satélite e um barulho no fundo do mar deram esperanças de que se tratava do submarino, mas foram descartadas horas depois.

"Uma luzinha começa a brilhar e depois apaga", lamentou María Morales.

A Armada revelou que o "ARA San Juan" reportou uma avaria nas baterias, sem alertas, antes de sua última comunicação na quarta-feira passada às 10h30 GMT (08h30 de Brasília), quando navegava pelo Golfo San Jorge, a 450 km da costa argentina.

A zona inicial de busca foi ampliada e abarca 482.507 km2, detalhou o Ministério da Defesa.

"Resgatar nossos meninos"

"Acredito que hoje o mais importante é resgatar nossos meninos", escreveu em sua conta no Instagram o ex-jogador de futebol Diego Maradona, ao apoiar os familiares.

Os trabalhadores do estaleiro Tandanor, a cargo do conserto do "ARA San Juan" entre 2007 e 2014, gravaram uma carta de alento aos tripulantes, entre eles Eliana Krawczyk, de 35 anos, a primeira oficial submarinista da América do Sul e vários pais de família.

A Base Naval de Mar del Plata, cidade portuária e maior balneário da Argentina, se transformou no epicentro da agoniante espera dos familiares.

Cartas, bandeiras com mensagens e cartazes são vistos na cerca que rodeia a base, com vista para o mar, para onde os familiares rezam que o submarino volte.

"Isso é terrível, é o mesmo que aconteceu com aquele submarino russo (Kursk), ou o que houve com os (33) chilenos na mina (em 2010), é como um naufrágio", declarou à AFP Norberto Rodríguez, morador de Mar del Plata que se aproximou em solidariedade.

Em agosto de 2000, o submarino nuclear russo "Kursk" naufragou no Mar de Barents, causando a morte de 118 membros de sua tripulação, o maior acidente de submarino em 30 anos.

Se o desenlace for trágico, para a Argentina seria a pior perda militar desde a Guerra das Malvinas em 1982, na qual morreram 649 soldados argentinos.

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