O ex--presidente Lula foi um dos fundadores do PT em 1980 e ocupou sua Presidência até 1994 (Fabio Rodrigues Pozzebom/ABr)
Da Redação
Publicado em 17 de fevereiro de 2011 às 18h53.
São Paulo - Depois da participação no Fórum Social Mundial, no Senegal, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltará ao continente africano, desta vez à Guiné, na próxima segunda-feira. Embora esteja há um mês e meio longe do poder, Lula tem programação típica de governante: a convite da Vale, vai lançar a pedra fundamental da ferrovia Trans-Guiné, destinada ao transporte de passageiros e cargas leves. A obra faz parte dos investimentos da Vale no país, onde a mineradora explora ferro desde o ano passado.
A próxima viagem internacional de Lula foi confirmada hoje, no segundo dia de viagem do petista ao Rio de Janeiro. O ex-presidente começou o dia com uma conversa sobre a África com o diplomata, poeta e escritor Alberto Costa e Silva, integrante da Academia Brasileira de Letras e dedicado aos estudos dos países africanos.
Lula almoçou com a economista Maria da Conceição Tavares e com o sociólogo Emir Sader, que vai presidir a Casa de Rui Barbosa, no Rio. Diante do comentário de Conceição, de que não conseguia falar com a presidente Dilma Rousseff, Lula não teve dúvidas. Mandou que os assessores ligassem para Dilma e passou o telefone para Conceição. "Quem tem um padrinho desse não morre pagão", brincou Conceição ao deixar o hotel Sofitel, na Praia de Copacabana, onde Lula hospedou-se muitas vezes como presidente e escolhido para a primeira viagem ao Rio depois de deixar o governo.
Na conversa com Conceição e Sader, Lula repetiu a intenção de criar um memorial dedicado às lutas sociais, um portal na internet, um curso de políticas públicas e de refundar o Instituto da Cidadania. "Lula não quer criar um instituto como o Fernando Henrique Cardoso, em torno da pessoa. Ele está cauteloso, ainda não sabe como se colocar na atuação política sem criar problemas para a Dilma e sem parecer que está dando lição para outros países", afirmou Sader, depois de mais de três horas de conversa com o ex-presidente e companheiro de partido.
Segundo Sader, Lula ouviu do governador Sérgio Cabral (PMDB) a sugestão de que o Instituto da Cidadania se instale em um casarão na zona sul do Rio conhecido como Palacete Lineo de Paula Machado, na Rua São Clemente, em Botafogo. A família proprietária do casarão, construído em 1910, tem tido dificuldades para vender o imóvel, de valor estimado em R$ 60 milhões. O prefeito Eduardo Paes (PMDB) cogitou a compra do palacete pela prefeitura, por um valor bem inferior, cerca de R$ 10 milhões, mas a ideia não foi adiante. Na tarde de hoje, assessores de Lula fizeram uma rápida visita ao palacete. A informação da assessoria de Lula é que não há nada definido sobre a futura sede do instituto.
O ex-presidente esteve com Cabral, Paes e o vice-governador Luiz Fernando Pezão na noite de ontem, durante jantar no apartamento do governador, no Leblon, zona sul do Rio. Participaram também o ex-ministro Luiz Dulci, o ex-presidente do Sebrae Paulo Okamotto e a assessora Clara Ant. O trio deixou o governo com Lula e o acompanhará no Instituto da Cidadania. O empresário Eike Batista foi outro convidado do jantar de Cabral.
Até o fim de tarde de hoje, Lula não tinha saído do hotel. O professor universitário Sergio Annibal, petista e morador de Copacabana, conseguiu entregar a Clara Ant um "kit" com a proposta "Lula Rio 2013", de que o ex-presidente se candidate à prefeitura da cidade em 2012.