Lula e Milei: posse do ultraliberal será neste domingo (Ton Molina/Getty Images)
Repórter de Brasil e Economia
Publicado em 10 de dezembro de 2023 às 00h01.
Última atualização em 10 de dezembro de 2023 às 10h04.
O presidente eleito da Argentina, Javier Milei, toma posse pelos próximos quatro anos neste domingo, 10. Diversos chefes de Estado, como o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, participarão do evento. A cerimônia, porém, não contará com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Milei convidou o petista no último dia 26, por meio de uma carta, na qual disse desejar que o tempo de trabalho em comum dos presidentes no poder "seja uma etapa de trabalho frutífero e construção de laços" entre os dois países.
Apesar do convite, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência informou que o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, representará o Brasil na solenidade.
Outros políticos brasileiros vão participar da cerimônia, como o ex-presidente Jair Bolsonaro, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) e o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Outros deputados e senadores ligados à direita brasileira também vão marcar presença na posse de Milei.
Essa não será a primeira ocasião em que um presidente brasileiro não comparece à posse do novo chefe do executivo argentino. Em 2019, o então presidente Bolsonaro não foi à posse de Alberto Fernández, sendo representado pelo então vice-presidente Hamilton Mourão.
Fernando Henrique Cardoso (PSDB) também faltou a cerimônias de posse em duas ocasiões, quando os presidentes argentinos foram eleitos pelo Congresso. Uma em 2001, na eleição de Adolfo Rodríguez Saá, e outra no ano seguinte, em 2002, quando Eduardo Duhalde foi eleito.
A mensagem foi uma mudança de tom do ultraliberal após críticas ao presidente brasileiro durante a campanha presidencial na Argentina. O libertário chamou Lula de "corrupto" e "comunista furioso", além de afirmar que o petista atuou contra a sua candidatura. O PT, partido de Lula, declarou apoio a Massa durante as eleições argentinas, e consultores ligados à legenda foram contratados pela campanha do ministro da economia do país.
O político da La Libertad Avanza disse ainda que não falaria com Lula, mas que isso não afetará questões comerciais entre os países, e citou a relação fria do atual presidente Alberto Fernández com o ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro, como exemplo.
Após o resultado sacramentado na Argentina, Lula reconheceu a vitória de Milei em publicação no X, mas não citou o nome do novo mandatário argentino na mensagem que desejou boa sorte ao novo governo. "Desejo boa sorte e êxito ao novo governo. A Argentina é um grande país e merece todo o nosso respeito. O Brasil sempre estará à disposição para trabalhar junto com nossos irmãos argentinos", escreveu.
Lula disse ainda que a "democracia é a voz do povo" e deve ser "sempre respeitada", além de parabenizar as instituições argentinas pela condução do processo eleitoral. "Meus parabéns às instituições argentinas pela condução do processo eleitoral e ao povo argentino que participou da jornada eleitoral de forma ordeira e pacífica", disse.
Um dia após o resultado, o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, afirmou que o Lula somente ligará para o presidente eleito da Argentina, Javier Milei, depois que ele pedir desculpas ao brasileiro. Questionado sobre o assunto, Lula disse que não precisa ser amigo do presidente da Argentina para ter uma boa relação com o país.
Milei será empossado em uma cerimônia no Congresso argentino às 11h de domingo. Depois, deve discursar na escadaria em frente ao edifício e ir em desfile aberto até a Casa Rosada. Lá, receberá os cumprimentos de líderes e representantes estrangeiros.