Lula também defendeu a reforma do sistema financeiro mundial (Wilson Dias/AGÊNCIA BRASIL)
Da Redação
Publicado em 29 de março de 2011 às 12h03.
Lisboa - O ex-presidente do Brasil Luiz Inácio Lula da Silva responsabilizou nesta terça-feira os mercados pelos problemas em países como Portugal, Espanha e Grécia e lamentou que seus parceiros europeus não tenham atuado antes para acabar com as especulações contra os chamados Estados periféricos.
Lula criticou principalmente as instituições financeiras mundiais, após receber nesta terça-feira em Lisboa junto à jurista canadense Louise Arbour o prêmio Norte-Sul do Conselho da Europa, que decidiu agraciar a ambos por sua contribuição à luta por um mundo mais solidário e interdependente.
"O bloco (de Estados) economicamente mais importante da Europa demorou muito tempo para atuar e permitiu a especulação em outros países. Não acho isso correto", destacou o ex-governante, quem se encontra em Portugal acompanhado pela presidente Dilma Rousseff, de visita oficial.
Lula citou Portugal, Espanha e Grécia como alguns dos prejudicados por esta política.
O ex-presidente também mencionou os mercados financeiros em seu discurso ao receber o prêmio, no qual defendeu a reforma das atuais instituições financeiras.
Depois, em declarações a jornalistas, ressaltou que os culpados por esta crise são invisíveis e destacou que o Brasil tem condições de ajudar Portugal.
"O Brasil será muito solidário com Portugal, já que interessa que sua economia continue crescendo e não haja retrocesso", disse.
Na segunda-feira, logo após chegar a Lisboa, Lula ressaltou que o Fundo Monetário Internacional (FMI) não resolve o problema de Portugal, assim como também não resolveu o do Brasil, pouco antes de manter um jantar informal com o primeiro-ministro português, o socialista José Sócrates.
Lula recebeu o prêmio Norte-Sul em cerimônia realizada nesta terça-feira no Parlamento português das mãos do presidente de Portugal, Aníbal Cavaco Silva.
Na tarde desta terça-feira, Lula deve ir a Coimbra para receber o título de doutor honoris causa pela universidade desta cidade, em uma cerimônia da qual Dilma também participará.
Dilma chegou nesta terça-feira a Portugal em uma visita oficial de dois dias, a primeira que realiza à Europa desde que assumiu o cargo em janeiro.
Na quarta-feira, está previsto um encontro de Dilma com Sócrates e outro com Cavaco Silva.
Entre os temas a serem abordados está a ajuda que o Brasil pode oferecer a Portugal em um momento em que os rumores sobre a necessidade de o país europeu recorrer à ajuda externa são cada vez mais frequentes, devido ao aumento da pressão sobre sua dívida soberana.
A outra agraciada com o prêmio Norte-Sul, Louis Arbour, que foi Alta comissária da ONU para os Direitos Humanos entre 2004 e 2008, também se referiu em seu discurso à situação de Portugal, onde, segundo ela, "os problemas econômicos e sociais estão tendo seu impacto nas robustas instituições democráticas".