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Lula recebe Boric e diz que não quer 'guerra fria e ter de escolher entre Estados Unidos e China'

Presidente brasileiro afirmou ainda que Boric está convidado para vir à cúpula do Brics em julho

Agência o Globo
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Publicado em 22 de abril de 2025 às 15h44.

Última atualização em 22 de abril de 2025 às 15h55.

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta terça-feira que não deseja uma nova guerra fria e também que não quer "escolher entre os Estados Unidos e a China". A declaração foi dada durante visita do presidente do Chile, Gabriel Boric, ao país.

— Todo mundo só falava em livre-comércio e globalização e, de repente, nada disso vale a pena e o que vale a pena é o protecionismo. Você não quer guerra fria e eu não quero guerra fria. Eu não quero fazer opção entre Estados Unidos ou China. Eu quero ter relações com os Estados Unidos, quero ter relação com a China. Eu não quero ter preferência. Quem tem de ter preferência são os meus empresários que querem negociar. Mas eu não, eu quero vender e comprar, vender e comprar, fazer parceria — disse Lula, em declaração de imprensa ao lado do chileno.

O presidente brasileiro afirmou ainda que Boric está convidado para vir à cúpula do Brics em julho. Em outro momento, na chegada ao Itamaraty, Lula voltou a tratar da guerra comercial instalada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

— Não nos agrada essa disputa estabelecida pelo presidente Trump. Eu acho que ela não é nem conveniente para os Estados Unidos, não é conveniente para ele. O que nós queremos é estabelecer uma política de cordialidade comercial — afirmou Lula.

Antes, Lula e Boric assinaram atos bilaterais. Depois da agenda, os presidentes seguem para o Palácio Itamaraty, onde participam de almoço. Os presidentes vão participar ainda do Foro Empresarial Brasil-Chile, onde serão discutidos temas estratégicos para a integração logística e comercial entre as duas nações.

Como informou o colunista do O Globo, Lauro Jardim, o foco de Boric no encontro é, sobretudo, na chamada rota bioceânica de Capricórnio, que ligará por terra os oceanos Atlântico e Pacífico — vai desde portos brasileiros como os de Santos e Paranaguá até os chilenos de Iquique, Antofagasta e Mejillones, cruzando Paraguai e Argentina.

As obras, previstas para terminar em 2026, serão tema de uma mesa-redonda. A visita de Estado marca ainda as comemorações do primeiro Dia da Amizade entre os dois países. O 22 de abril é a data em que as relações diplomáticas entre Brasil e Chile foram estabelecidas, há 189 anos. A visita tem a presença de ministro, parlamentares, políticos e empresários dos dois países.

Divergências

Apesar de serem dois políticos de esquerda e da cooperação entre os dois países, Lula e Boric têm divergido em questões centrais da agenda internacional, como o tratamento dado a Nicolás Maduro na Venezuela e a guerra na Ucrânia.

No caso da Venezuela, por exemplo, o presidente chileno foi um dos primeiros do mundo a reagir, no ano passado, ao anúncio do Conselho Nacional Eleitoral (CNE) de que Maduro teria sido reeleito, derrotando o candidato da oposição Edmundo González. Lula adota uma postura mais conciliadora e tenta negociar com o chavista.

Em seu primeiro mandato, Boric defende a condenação da invasão russa na Ucrânia por parte dos países da América do Sul, enquanto Lula prega uma saída negociada e de consenso entre os dois países.

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