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Lula questiona disposição dos países ricos para combater a pobreza

Momentos depois, em discurso à platéia no Fórum Econômico Mundial em Davos, presidente convidou os investidores a aplicar em infra-estrutura no Brasil

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 26 de janeiro de 2011 às 12h43.

Pouco depois de demonstrar ceticismo sobre a efetividade das propostas feitas no painel "Financiando a guerra à pobreza", no Fórum Econômico Mundial, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o papel de caixeiro-viajante. Lula apresentou à platéia internacional de lideranças políticas e empresariais as virtudes do Brasil e procurou atrair investimentos em infra-estrutura ao país. Antes do pronunciamento, na tarde desta sexta-feira (28/1), Klaus Schwab, fundador do fórum, saudou Lula pelos "resultados impressionantes" da economia brasileira, apesar dos temores da comunidade internacional e das condições difíceis que imperavam à época da sua primeira visita a Davos, no início de 2003.

Lula aproveitou para listar as reformas implementadas na primeira metade do mandato e os números positivos da economia, afirmando que a prioridade agora é infra-estrutura. O presidente convidou os interessados a uma reunião na manhã de sábado, em que os ministros que o acompanham ao fórum apresentarão dados detalhados sobre as oportunidades de investimento no Brasil.

Quanto à recorrente conclamação a uma mudança da geografia comercial, o presidente explicou que tal política não representa choque com os Estados Unidos ou com a União Européia. "O que temos de fazer é construir novas parcerias comerciais. Quanto mais plural, menos dependente de um só parceiro", afirmou, realçando as relações estratégicas do Brasil com a China, a Índia e a África do Sul.

A discussão do painel "Financiando a guerra à pobreza" (do qual também participaram Bill Gates, o secretário do Tesouro do Reino Unido, Gordon Brown, e o economista Jeffrey Sachs) coincidiu, pelo menos no tema, com o propósito da campanha Chamada Global para Ação contra a Pobreza, lançada ontem no Fórum Social Mundial em Porto Alegre. Entre as propostas de solução constam o cancelamento da dívida externa dos países em desenvolvimento e a criação de um fundo internacional com recursos provenientes da tributação de transações financeiras, da venda de armamentos ou do comércio mundial.

Lula demonstrou consciência dos limites retóricos das propostas. "Se, nem na relação comercial entre os países, nós conseguimos convencer os países ricos a não terem subsídios nos produtos em que os países pobres são mais competitivos, no resto, tudo fica difícil", afirmou durante o painel. "Tem uma unanimidade aqui, de que todo mundo tem uma preocupação de ajudar os países pobres. O que me preocupa é quando terminar este evento, quando cada um voltar para seu país, para os seus problemas, o que vai acontecer?"

Depois de ouvir as apresentações de Lula e dos outros participantes do painel, a atriz americana Sharon Stone levantou-se de sua poltrona, pediu um microfone e anunciou a doação de 10 mil dólares para o governo da Tanzânia. Sob aplausos das lideranças presentes na platéia, a atriz convidou a todos a fazerem o mesmo. A mobilização inesperada de Sharon Stone em meio a uma platéia eminentemente masculina resultou em uma arrecadação de 1 milhão de dólares.

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