Lula vista centro de educação em Moçambique: popularidade é fruto do seu trabalho (Ricardo Stuckert/Presidência da República)
Da Redação
Publicado em 9 de novembro de 2010 às 10h56.
Maputo - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva explicou hoje, durante aula de abertura da Universidade Aberta do Brasil, em Moçambique como, segundo ele, conseguiu manter a alta popularidade no fim de seu mandato.
"Não pensem que o presidente Lula tem muita popularidade porque fica no gabinete lendo o jornal e conversando com jornalista. A minha popularidade é resultado do meu trabalho, de viajar, de conversar com o povo, de não ter medo de discutir qualquer assunto, em qualquer momento", disse o presidente para cerca de 720 alunos dos três polos da universidade à distância que estavam sendo inaugurados em Maputo capital de Moçambique.
Ao defender os projetos do governo que, segundo ele, mudaram o patamar da educação no Brasil, Lula, em discurso de improviso, defendeu a forte presença do Estado nas ações de benefício à sociedade. De acordo com o presidente, "somente o Estado" pode dar oportunidade para todos em relação à educação. Ele afirmou que seu governo está fazendo "uma verdadeira revolução" no País nesse setor, "sem pegar em uma arma, sem ferir um companheiro".
Lula defendeu a necessidade de integração entre os países do Hemisfério Sul, para que deixem de ser submissos aos do Norte ou que se sintam inferiorizados. "Como tivemos nossa cabeça colonizada durante séculos, aprendemos que somos seres inferiores e que qualquer um que enrola a língua é melhor do que nós. O que queremos agora é levantar a cabeça juntos e construir juntos um futuro em que o Sul não seja mais fraco do que o Norte em que o Sul não seja dependente do Norte. Se nós acreditarmos em nós mesmos, podemos ser tão importantes quanto eles, tão sabidos quanto eles", afirmou.
Segundo o presidente, como "o mundo não come minério de ferro ou chip, mas sim comida" - e terra e sol é o que mais existe na África e na América Latina -, os países do Norte dependerão dos do Sul "porque o cidadão com fome não consegue apertar uma tecla de celular". Por isso, prosseguiu, é preciso que acabe essa mentalidade de que "eles (Norte) tentam nos subvalorizar e nós aceitamos".
Saudosismo
Em tom saudosista, Lula disse que em dois meses deixará o governo e que "vai sentir saudades dos microfones". Ele afirmou que a inauguração desse curso à distância em Maputo era "um sonho" e que queria usar o exemplo para mostrar a países como França e Inglaterra, que colonizaram países na África, que eles podem ajudá-los. "Eles também podem introduzir a universidade aberta em países africanos e estamos mostrando o modelo."
Lula voltou a lembrar que apesar de nem ele, nem seu vice, José Alencar, terem feito curso universitário, eles foram os que mais construíram escolas técnicas e universidades, e brincou que gostaria de ter sido economista ou advogado, ironizando, em seguida, as duas profissões.
Comentou que economista, quando está na oposição, "tem ideia para tudo", mas, quando chega ao governo, "já não sabe tanto nem tem tantas ideias". Em seguida, brincou que advogado, por exemplo, sempre é solicitado para solucionar as mais diferentes situações e que ele "é tão importante que é quase como se fosse um representante de Deus".
O presidente destacou que em seu governo os temas de interesse do País são sempre discutidos, sem decisões de cima para baixo e disse que só com estudo é possível conseguir subir na vida.
Lula está em seu primeiro dia de visita oficial à Moçambique. O presidente ainda vai se encontrar com empresários e, à noite, deve se reunir com o presidente de Moçambique, Armando Guebuza, no Palácio da Ponta Vermelha. Amanhã decolará para Seul, na Coreia do Sul, para a reunião do G-20.