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Lula defende que Brasil leve energia até Assunção

São Paulo - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que o Brasil "tem a obrigação" de construir linhas de transmissão que levem a energia elétrica produzida pelo Brasil até a capital do Paraguai Assunção. De acordo com ele, a capital paraguaia convive com apagões praticamente diários. "Essa seria a única forma de […]

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Da Redação

Publicado em 18 de julho de 2012 às 19h32.

São Paulo - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje que o Brasil "tem a obrigação" de construir linhas de transmissão que levem a energia elétrica produzida pelo Brasil até a capital do Paraguai Assunção.

De acordo com ele, a capital paraguaia convive com apagões praticamente diários. "Essa seria a única forma de convencer o povo paraguaio de que o acordo entre Brasil e Paraguai em relação a Itaipu é justo", disse ele, durante o seminário empresarial Brasil - El Salvador, na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), em São Paulo.

Lula disse ter conversado com um empresário brasileiro que garantiu que faria investimentos no Paraguai se o fornecimento de energia elétrica no país fosse estável. "Esse é o papel do Brasil", disse Lula, para quem a liderança brasileira entre os países da América Latina e África exige esse tipo de ajuda. "O Brasil precisa entender que quem é grande tem mais responsabilidades", disse, referindo-se também a El Salvador. De acordo com ele, o país da América Central já produz etanol, mas a partir de milho. Segundo ele, a substituição por cana-de-açúcar seria viável, além de mais limpa e ecologicamente correta. "Quem gosta de milho é frango", disse Lula, sob risos da plateia.

Em clima de final de mandato, Lula se dirigiu aos empresários e disse que "todos ganharam muito dinheiro" durante seu governo, independente do porte da empresa. "Além disso, nos meus oito anos de governo 90% das categorias profissionais receberam aumento real acima da inflação. Temos a criação de mais de 14 milhões de empregos formais em sete anos e meio de governo, algo impensável até poucos anos", afirmou. Ele disse esperar que a experiência brasileira seja replicada em El Salvador, onde o presidente Maurício Funes, eleito em março de 2009, ainda enfrenta resistências por parte do empresariado local. No evento de hoje, Lula contou ter dito ao presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, que considerava Funes "um menino de boa qualidade". "A gente vê que a pessoa é boa pelos olhos".

Funes, presente ao evento, lembrou ter recebido dois conselhos de Lula desde que foi eleito. O primeiro, de acordo com ele, é "ser paciente e contar muitas vezes até dez, algumas até 100, para atuar com inteligência e não tomar decisões impensadas". A outra, citou Funes, também foi uma recomendação para que tenha paciência, uma vez que as mudanças sempre serão criticadas, pois serão consideradas muito rápidas para alguns setores e muito lentas, por outros. "O importante é que elas aconteçam", teria dito Lula ao presidente de El Salvador.

Funes citou também o presidente em exercício da Fiesp, Benjamin Steinbruch, que fez uma série de elogios a Lula durante seu discurso no seminário. Steinbruch disse que a relação entre Lula e empresários teve um início distanciado e recheado de dúvidas, mas evoluiu muito ao longo dos anos. "Não estou falando de questões de partidos. O presidente Lula liderou um movimento amplo e irrestrito no sentido de que todos nós temos que dar um pouco mais de nós mesmos", disse Steinbruch. "Lula começou pela esquerda e saiu pelo centro", disse o empresário, ao que Lula teria respondido, segundo Funes, que na verdade foi o contrário. "Os empresários começaram no centro e saíram pela esquerda."

Delfim Netto

Durante seu discurso, Lula disse que tanto ele como empresários tinham muito preconceito uns contra os outros. Um dos exemplos de que isso é passível de mudança é a relação entre Lula e Delfim Netto, ex-ministro durante o governo militar. "Passei tanto tempo fazendo críticas a Delfim. As pessoas vão ficando importantes e tudo que acontece de errado a gente encontra alguém para jogar a culpa. E teve um tempo em que tudo era o Delfim Netto. Apesar de ele não ser o presidente da República, mas ele era tão forte que era mais forte que o presidente da República, pela inteligência e pela participação dele", disse Lula, citando o período em que era dirigente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, no fim dos anos 1970 e início dos anos 1980 enquanto Delfim era ministro.

"Eu hoje reconheço e admiro o Delfim Netto como uma das pessoas mais extraordinárias e inteligente que esse País já teve", afirmou. "Nos momentos mais difíceis do meu governo, ele poderia ter escrito artigos me esculhambando, dizendo 'tá provado que operário não saber governar mesmo, tem que voltar a comer marmita no bandejão, que é o que sabe fazer'. Ele fez os mais extraordinários artigos defendendo a mim e defendendo a política econômica do governo, mesmo quando alguns companheiros do PT criticavam a nossa política econômica", disse.

Lula citou sua relação com Delfim para demonstrar que "os anos e o exercício do cargo trazem evolução". "Eu vou deixar o governo daqui a cinco meses com a consciência mais tranquila do que a consciência de qualquer passarinho que esteja descansando na selva em El Salvador. Com a consciência tranquila do dever cumprido, sabendo que fizemos muita coisa e sabendo que ainda tem muita coisa para fazer."

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