Decisão sobre extradição do ativista fica para últimas horas do mandato de Lula
Da Redação
Publicado em 30 de dezembro de 2010 às 20h44.
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidirá amanhã, poucas horas antes do fim de seu mandato, se concede a condição de refugiado ou permite a extradição à Itália do ativista Cesare Battisti, preso em Brasília, informou nesta quinta-feira a "Agência Brasil".
A imprensa local especula há dias se Lula concederá a condição de refugiado a Battisti, a quem um tribunal italiano declarou em 1992 culpado do assassinato de quatro pessoas na década de 1970, duas delas agentes policiais.
De acordo com esta versão, a causa do atraso do anúncio responde ao temor a represálias por parte da Itália, apesar de Lula ter informado que anunciaria sua decisão antes do fim de seu mandato em 1º de janeiro.
A decisão é aguardada com expectativa na Itália e o Governo do país declarou nesta quinta-feira que se reserva "no direito de considerar todas as medidas necessárias para obter o respeito do tratado bilateral de extradição" com o Brasil.
O ministro da Defesa italiano, Ignazio La Russa, assegurou em entrevista publicada nesta quinta-feira pelo jornal "Corriere della Sera" que a eventual decisão do Brasil de conceder a condição de refugiado político a Battisti não estará isenta de consequências na relação bilateral.
No entanto, Lula descartou que tema represálias durante um ato realizado nesta quarta-feira na Bahia.
Em novembro do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) cancelou a condição de refugiado concedida a Battisti e deu sinal verde para sua extradição à Itália, mas a decisão final sobre seu futuro depende do presidente da República.
Lula se reuniu nesta quinta-feira com o presidente do STF, Antonio Cezar Peluso, e esperava-se que houvesse algum tipo de comunicado após esse encontro, o que acabou não acontecendo.
Battisti, de 55 anos, permanece em uma prisão de Brasília desde janeiro de 2007, um dia após ser capturado no Rio de Janeiro, onde esteve escondido desde 2004.