Pressão no presidente do Paraguai: "Não vou renunciar", disse Lugo em coletiva de imprensa transmitida pela televisão (Lucas Nunez/Reuters)
Da Redação
Publicado em 22 de junho de 2012 às 13h30.
Buenos Aires - O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, prometeu lutar contra a proposta aprovada na Câmara dos Deputados para seu impeachment. A oposição, que controla do Congresso, tenta tirar proveito do resultado violento de uma ação para a retirada de trabalhadores sem-terra na semana passada.
"Não vou renunciar", disse Lugo em coletiva de imprensa transmitida pela televisão nesta quinta-feira. Na manhã de hoje, a Câmara dos Deputados aprovou, por 73 votos a um, o impeachment do presidente. A proposta seguirá agora para o Senado, controlado pela oposição.
"Nossas conquistas, particularmente na esfera social, geraram reações dos setores insensíveis e egoístas que sempre viveram com privilégios e nunca quiseram compartilhar os benefícios da prosperidade com o povo", declarou Lugo.
A justificativa para o impeachment foi a desastrada ação das forças de segurança na remoção de sem-terra de uma fazenda privada, no fértil nordeste do país, na sexta-feira. Pelo menos seis policiais e 11 sem-terra foram mortos nos confrontos em Curuguaty, 250 quilômetros a nordeste da capital, Assunción.
Confrontos violentos pela posse de terras são comuns no Paraguai, onde a maior parte das terras produtivas estão nas mãos de uma pequena parte de população. O país é um dos mais pobres do continente.
A economia paraguaia é predominantemente agrícola. O país é o quarto maior exportador de soja do mundo e foi o oitavo maior exportador de carne bovina no ano passado, segundo o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.
Lugo, ex-bispo católico, chegou à presidência em 2008 com a promessa de fazer uma reforma agrária. Mas a iniciativa foi barrada no Congresso, dominado pela oposição.
Lugo, de 61 anos, é impedido pela Constituição Paraguaia de tentar um segundo mandato. O apoio ao presidente tem recuado em razão de uma série de escândalos de paternidade.
No início do mês, Lugo afirmou que reconheceria a paternidade de um segundo filho, um menino de 10 anos. Quatro mulheres disseram ser mães de filhos do presidente desde sua eleição.
Caso Lugo perca o cargo, ele será substituído pelo vice, Federico Franco. As informações são da Dow Jones.