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Londres ignora pressão e mantém visita de Trump

Os convidados a uma visita de Estado são hóspedes da rainha no Palácio de Buckingham durante duas noites

Protesto contra Trump em Londres; a data da visita de Trump ainda não foi estabelecida, mas segundo especulações pode acontecer em junho ou julho (Reuters)

Protesto contra Trump em Londres; a data da visita de Trump ainda não foi estabelecida, mas segundo especulações pode acontecer em junho ou julho (Reuters)

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AFP

Publicado em 30 de janeiro de 2017 às 17h16.

O governo britânico informou nesta segunda-feira que não cancelará a visita de Estado de Donald Trump, como pedem mais de um milhão de signatários de um manifesto e vários políticos, incluindo conservadores, indignados com as últimas medidas do presidente americano.

"A bem documentada misoginia e vulgaridade de Donald Trump o desqualifica para ser recebido por Sua Majestade ou o príncipe de Gales", afirma a petição, criada antes do decreto de Trump que impede a entrada nos Estados Unidos dos refugiados e de cidadãos de sete países, mas que viu o número de signatários aumentar consideravelmente após a medida, alcançando 1,4 milhão nesta segunda-feira.

Um porta-voz de Theresa May explicou que "a primeira-ministra fez um convite em nome da rainha, e teve a satisfação de fazê-lo. Os Estados Unidos são um dos aliados mais próximos deste país, e estamos ansiosos para receber o presidente este ano".

May foi na semana passada a primeira governante estrangeira recebida por Trump na Casa Branca, no momento em que Londres busca acordos comerciais para substituir sua relação com a União Europeia (UE) depois de decidir abandonar o bloco.

Os signatários desejam que o status da visita, atualmente o mais elevado, seja rebaixado.

Os convidados a uma visita de Estado são hóspedes da rainha no Palácio de Buckingham durante duas noites e desfrutam de um procedimento protocolar maior.

O Mall, a avenida que leva ao palácio, é enfeitado com grandes bandeiras do país do visitante, que chega ao local de carruagem acompanhado pela rainha, que ainda oferece um grande jantar em sua homenagem.

A data da visita de Trump ainda não foi estabelecida, mas segundo especulações pode acontecer em junho ou julho.

O convite foi anunciado durante a visita de May à Casa Branca, quando os dois governantes demonstraram grande sintonia, com direito a muitos sorrisos.

'You are not welcome here'

"Você não é bem-vindo aqui, senhor presidente" ("You are not welcome here, Mr. President"), afirma o jornal The Daily Mirror em sua primeira página. Políticos de todas as tendências, inclusive do Partido Conservador da primeira-ministra, criticaram a visita.

A deputada conservadora Sarah Wollaston disse que as visitas de Estado deveriam ser reservada a líderes com uma contribuição positiva.

"Isto não inclui Trump", escreveu no jornal The Guardian.

Durante um debate no Parlamento sobre a política migratória, Trump foi chamado de "fascista" pelo deputado trabalhista Dennis Skinner.

A líder dos conservadores escoceses e figura de destaque no partido, Ruth Davidson, afirmou que "a visita do atual presidente dos Estados Unidos não se ajustaria de nenhum modo às melhores tradições" deste tipo de ato, ao recordar que o propósito é "celebrar a amizade e os valores compartilhados entre os países".

"Deveríamos nos perguntar, no Reino Unido, se vamos fazer isto por um homem que não respeita as mulheres, despreza as minorias, subestima os homossexuais, não sente compaixão pelas pessoas vulneráveis, e cujas políticas são baseadas em uma retórica de divisão", afirmou à BBC outra política conservadora, Sayeeda Warsi, muçulmana e integrante da Câmara dos Lordes.

Um herói olímpico e um deputado conservador, afetados pela medida

Um deputado conservador com dupla cidadania iraquiana-britânica, cujos filhos estudam nos Estados Unidos, pode ser afetado pelo decreto de Trump.

A medida proíbe a entrada nos Estados Unidos de refugiados durante 120 dias, independente de sua origem, e durante 90 dias o ingresso de cidadãos de sete países com maioria muçulmana: Iraque, Irã, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen.

"Fico triste de saber que serei proibido de entrar nos Estados Unidos por meu país de nascimento", escreveu o deputado Nadhim Zahawi.

Na mesma situação estava o bicampeão olímpico dos 5.000 e 10.000 metros Mo Farah, britânico nascido na Somália.

O ministro britânico das Relações Exteriores, Boris Johnson, reafirmou que considerava o decreto como um "erro", mas ressaltou a "importância crucial" dos laços entre Londres e Washington.

"Não hesitaremos em expressar nossos desacordos com os Estados Unidos. Mas devemos lembrar nossa determinação em trabalhar com a administração Trump no melhor interesse do nossos países, declarou.

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