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Lombardi diz que relatório da ONU é anormal e que se excedeu

Porta-voz do Vaticano tachou de anormal o relatório da ONU no qual se critica a conduta da Santa Sé nos casos de abusos sexuais contra crianças

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 7 de fevereiro de 2014 às 09h28.

Cidade do Vaticano - O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, tachou nesta sexta-feira de "anormal" e de "ir além de suas competências" o relatório do Comitê da ONU sobre os Direitos da Criança no qual se critica a conduta da Santa Sé nos casos de abusos sexuais contra crianças por parte de padres.

Lombardi publicou hoje um artigo no site da "Radio Vaticano" no qual afirma que não há "confronto" algum entre Nações Unidas e o Vaticano, e que a Santa Sé continuará seu compromisso para que se aplique o Convenção de Direitos da Infância e manterá um diálogo aberto e construtivo com todos os organismos.

No entanto, destaca que o relatório publicado na quarta-feira passada contém "sérias limitações", já que não levaram em conta as respostas escritas e orais que os representantes da Santa Sé deram sobre o tema.

O porta-voz vaticano argumenta que isso faz pensar que o relatório estaria "praticamente pronto ou pelo menos fortemente direcionado" antes da audição que a Santa Sé realizou para o Comitê, com sede em Genebra, no dia 16 de janeiro.

Para Lombardi "é grave" que não se tenha compreendido "a natureza específica da Santa Sé", já que é "uma realidade diferente da do resto dos Estados".

"Não são capazes de entender ou não querem entender?", questiona em seu artigo, que acrescenta que em ambos os casos a postura "surpreende".

Para o porta-voz, "se deu maior atenção às ONGs, com preconceitos negativos à Igreja Católica e à Santa Sé, que à posição desta, signatário da Convenção e que sempre esteve disponível a um profundo diálogo com o Comitê".


Lombardi afirma que é "típico" dessas organizações "não reconhecer tudo o que a Santa Sé e a Igreja fizeram nos últimos anos, como reconhecer erros, renovar as normas e desenvolver novos padrões de formação e medidas preventivas".

"Nenhuma organização ou instituição fez isso, mas não é o que se entende lendo o documento em questão", acusa o porta-voz.

"O mais grave" para o jesuíta, também diretor da "Radio Vaticano", é que "as observações vão além de suas competências e interferem nas posições doutrinais e morais da Igreja Católica, fazendo juízos de valor sobre a contracepção, o aborto e a educação nas famílias e a visão da sexualidade humana".

Além disso, observa Lombardi, "o tom, o desenvolvimento e a publicidade dados ao Comitê e a seu documento são absolutamente anômalos com relação ao procedimento normal com outros países".

O representante critica a "atenção midiática, injustamente nociva", que recebeu a Santa Sé, embora reconheça que o Comitê também foi amplamente criticado.

O relatório critica o Vaticano por não ter reconhecido nunca "a amplitude dos crimes" de abuso sexual contra crianças por parte de sacerdotes e o acusa de adotar "políticas e práticas que levaram à continuação dos abusos e à impunidade dos responsáveis".

O Comitê também afirma que o Vaticano não tomou "as medidas necessárias" para atender estes casos e proteger os menores, e pede-se que se entregue à Justiça os responsáveis por esses crimes.

Também reprova severamente ao Vaticano por suas atitudes em relação à homossexualidade, o planejamento familiar e o aborto, e pede que se revisem suas políticas para assegurar que se protejam os direitos das crianças e seu acesso à saúde.

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