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Lojas de drogas sintéticas em Tóquio burlam lei japonesa

As drogas são feitas a partir de componentes sintéticos e podem inclusive produzir efeitos mais potentes que as convencionais

O Japão é um país que tem uma política de "tolerância zero" nos casos relacionados a posse, venda e consumo de drogas (Tokyo Watcher/ Wikimedia Commons)

O Japão é um país que tem uma política de "tolerância zero" nos casos relacionados a posse, venda e consumo de drogas (Tokyo Watcher/ Wikimedia Commons)

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Da Redação

Publicado em 5 de junho de 2012 às 19h04.

Tóquio - Cerca de 90 lojas que vendem derivados da maconha e outras drogas alucinógenas modificadas para evitar a implacável legislação japonesa surgiram em tempos recentes nas ruas dos bairros mais movimentados de Tóquio.

Escondidas em edifícios cujos corredores mais parecem labirintos, entre casas de massagem e lojas de música, e até mesmo no nível da rua, com letreiros luminosos chamativos e "ofertas do dia", estas lojas com drogas legais se proliferam em Tóquio desde 2009, quando só era conhecidos alguns casos, em bairros como Shinjuku e Shibuya.

Apesar de produzirem a mesma sensação, os produtos destas lojas, vendidos em pequenas bolsas de plástico, não são propriamente maconha nem LSD. Eles são feitos a partir de componentes sintéticos e podem inclusive produzir efeitos mais potentes que as drogas convencionais.

Por um preço que varia entre 2,5 mil e 5 mil ienes (R$ 65 e R$ 130, aproximadamente), qualquer pessoa maior de idade pode adquirir dezenas de tipos de alucinógenos, ervas líquidas e inclusive de uma nova droga cujo efeito é similar ao da cocaína sintética, a chamada "sais de banho".

Na cidade vizinha de Yokohama, a segunda mais populosa do país, foram inclusive instaladas máquinas vendedoras no varejo que oferecem doses de 0,5 gramas de ervas alucinógenas, o que alertou a Polícia local sobre o aumento de seu consumo, segundo o jornal "Japan Times".

Os vendedores destes produtos, que de acordo com a publicação chegam a 390 em todo o país, se aproveitam de um vazio legal que faz com que, na pior das hipóteses, a Polícia possa apenas restringir suas vendas, sempre e quando detectarem algum tipo de ingrediente ilegal na composição das substâncias.


Estas substâncias que escapam da lei, têm um efeito "mais forte" que a maconha e são "muito danosas", afirmou à Agência Efe Masahiko Funada, chefe do departamento de pesquisa de drogas que causam dependência do Instituto japonês de Neurologia e Psiquiatria.

Funada, cuja equipe analisou e testou estas substâncias em ratos, afirmou os efeitos causados nos roedores foram de "catalepsia" e, por serem formadas por agentes sintéticos químicos, podem criar uma "perigosa dependência psicológica" em seus consumidores.

O consumo destas "drogas legais" causa transtorno de consciência, dificuldade respiratória e alucinações, e seu uso frequente pode causar vício.

"No Japão há 16 tipos diferentes de canabinoides sintéticos sancionados pela lei", disse. No entanto, há "outros tipos de drogas com estruturas similares que escapam da regulação", disse Funada, que considera que o sistema se encontra imerso em um círculo vicioso, no qual algumas drogas estão reguladas e outras não.

Neste sentido, apesar das autoridades estudarem ampliar as leis para incluir estes produtos, a única maneira de detê-los no momento é a de os vendedores informarem os consumidores sobre o efeito real dessas drogas, o que não acontece. "Os vendedores camuflam estes produtos com incenso e ervas", detalhou Funada.

Enquanto procuram ampliar a legislação, as autoridades japonesas se concentram na educação, através de medidas para promover a prevenção do abuso das drogas e de estreitar a fiscalização Deste mercado. Só em 2010, aproximadamente de 14 mil pessoas foram detidas por crimes de entorpecentes.

O Japão é um país que tem uma política de "tolerância zero" nos casos relacionados a posse, venda e consumo de drogas, com penas que têm em média seis anos de prisão.

As autoridades japonesas são implacáveis e não excluem ninguém. Nem sequer o ex-Beatle Paul McCartney, que em janeiro de 1980 passou nove dias na prisão em Tóquio depois de terem lhe confiscado na alfândega do aeroporto cerca de 200 gramas de maconha. 

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