Vendedor de armas nos Estados Unidos: presidente da associação disse que o massacre em Newtown não mudou a posição do poderoso lobby de armas dos EUA sobre o tratado (©afp.com / Scott Olson/AFP)
Da Redação
Publicado em 28 de dezembro de 2012 às 12h59.
Nações Unidas - O principal grupo pró-armas dos Estados Unidos, a Associação Nacional do Rifle, prometeu lutar contra o projeto de um tratado internacional para regular o comércio mundial de armamentos, de 70 bilhões de dólares, e rejeitou sugestões de que um massacre recente numa escola norte-americana reforçou a necessidade de tal pacto.
A Assembleia-Geral da ONU votou na segunda-feira para retomar as negociações em meados de março sobre o primeiro tratado internacional para regular o comércio de armas convencionais, após uma conferência sobre o tema em julho ter fracassado porque os EUA e outras nações queriam mais tempo. Os EUA apoiaram a votação de segunda-feira da ONU.
O presidente dos EUA, Barack Obama, está sob intensa pressão para endurecer as leis de controle de armas no país após a morte de 20 crianças e seis educadores em uma escola de Newtown, Connecticut, no dia 14 de dezembro.
Sua administração, desde então, reiterou seu apoio a um tratado global de armas que não restringe os direitos dos cidadãos norte-americanos a possuir armas.
Defensores do controle de armas dizem que uma pessoa morre a cada minuto como resultado da violência armada, e que uma convenção é necessária para evitar que armas negociadas ilicitamente apareçam em zonas de conflito e alimentem guerras e atrocidades.
Em entrevista à Reuters, o presidente da Associação Nacional do Rifle (NRA, na sigla em inglês), David Keene, disse que o massacre em Newtown não mudou a posição do poderoso lobby de armas dos EUA sobre o tratado. Ele também deixou claro que o governo Obama terá uma luta pela frente se levar o tratado ao Senado dos EUA para ratificação.
"Somos tão contrários a isso hoje quanto éramos quando apareceu pela primeira vez", disse ele, na quinta-feira. "Nós não vemos nada em termos de língua e no preâmbulo como sendo qualquer tipo de garantia dos direitos do povo americano sob a Segunda Emenda." A Segunda Emenda da Constituição dos EUA protege o direito de portar armas. Keene afirmou que o pacto poderia exigir que o governo dos EUA aprovasse uma legislação para implantá-lo, o que o NRA teme que pudesse levar a restrições mais rígidas sobre a posse de armas.
Ele acrescentou que tal tratado provavelmente não conquistaria a maioria de dois terços no Senado dos EUA, necessária para aprovação.
"Esse tratado é tão problemático hoje em termos de ratificação no Senado como era há seis meses ou um ano atrás", disse Keene. No início deste ano, a maioria dos senadores escreveu a Obama pedindo-lhe para se opor ao tratado.
Delegados da ONU e ativistas do controle de armas argumentam que as negociações do tratado em julho desmoronaram em grande parte porque Obama, temendo ataques de seu rival republicano Mitt Romney antes da eleição de 6 de novembro se seu governo fosse visto como apoiando o pacto, tentou empurrar a questão para depois da eleição dos EUA .
Autoridades dos EUA negaram as alegações.