Paulo Coelho: um chefe de segurança e religiosos da cidade denunciam uma "invasão cultural" (Getty Images)
AFP
Publicado em 23 de janeiro de 2017 às 11h59.
Última atualização em 23 de janeiro de 2017 às 12h01.
Escritores e intelectuais líbios denunciaram nesta segunda-feira que os serviços de segurança do leste do país confiscaram dezenas de livros considerados "eróticos" ou contra o Islã, entre eles obras de Paulo Coelho.
Entre os livros apreendidos, em árabe e importados do Egito, também há textos do filósofo alemão Friedrich Nietzsche, do romancista americano Dan Brown e do egípcio Naguib Mahfuz, prêmio Nobel de Literatura.
Os escritores publicaram um comunicado de protesto depois da difusão, no fim de semana, de um vídeo da direção de segurança da cidade de Al Marjmostrando os livros sendo colocados em um caminhão.
No vídeo, um chefe de segurança e religiosos da cidade denunciam uma "invasão cultural" através de livros sobre o xiismo, o cristianismo ou bruxaria, assim como romances com trechos eróticos e contrários aos preceitos do Islã sunita, praticado no país.
Os escritores, entre eles Azza Maghur, Idriss Al Tayeb e Radhuan Bushwisha, denunciaram a apreensão de livros sob qualquer pretexto, "uma tentativa de amordaçar as vozes e confiscar a liberdade de opinião e de pensamento".
"Líbia hoje", escreveu Paulo Coelho no Twitter, com link para fotos dos livros confiscados.
Al Marj, como grande parte do leste líbio, é controlado pelo Exército Nacional Líbio (ANL), leal ao controvertido marechal Jalifa Haftar.