Escócia: 4,2 milhões de eleitores deverão votar à favor ou contra independência (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 9 de setembro de 2014 às 13h34.
Londres - Os três líderes da maioria e da oposição britânicas, unidos para "salvar o Reino Unido", decidiram viajar nesta quarta-feira até a Escócia para frear a onda a favor da independência nas pesquisas sobre o referendo de 18 de setembro.
O primeiro-ministro conservador, David Cameron, e seu aliado liberal-democrata, Nick Clegg, anunciaram em um comunicado conjunto com o opositor trabalhista Ed Miliband a viagem, que acontece pouco após a publicação de uma pesquisa indicando pela primeira vez a vitória da secessão.
Enquanto isso, em Edimburgo, o líder separatista Alex Salmond disse confiar na vitória do "sim" e criticou a contra-ofensiva "unionista" de último minuto, com ares de muito pouco e muito tarde.
"Há muitas coisas que nos dividem, mas há uma coisa em que estamos apaixonadamente de acordo, que o Reino Unido é melhor junto. Por isso pensamos que o lugar em que devemos estar amanhã é a Escócia", argumentaram os três líderes que decidiram cancelar a participação na sessão parlamentar semanal de perguntas ao governo.
"Farei tudo o que estiver a meu alcance", comentou Cameron, que tem em jogo a sua credibilidade e talvez futuro político.
Os três vão lutar pela manutenção do Reino Unido, formado por Inglaterra, Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte, mas a priori em campanhas separadas.
O ex-primeiro-ministro trabalhista Gordon Brown lançou o contra-ataque na segunda-feira, oferecendo a tripla particularidade de ser escocês, trabalhista em uma terra tradicionalmente ancorada à esquerda, e de ser o menos impopular localmente (com um índice de satisfação de 32%) dos políticos com cadeira no Parlamento central de Westminster.
Se o "não" à independência prevalecer em 18 de setembro, "vamos começar a partir do dia 19 os trabalhos legislativos a fim de criar um Parlamento escocês fortalecido", afirmou na segunda-feira à noite Gordon Brown.
Um projeto de lei que dá ao Parlamento regional de Holyrood maior autonomia em termos de política financeira e saúde estará em vigor a partir de janeiro de 2015, prometeu.
"Sim" e "Não" lado a lado
Desde que o referendo foi convocado, em 2012, os partidários da independência eram minoria. Mas no domingo o jornal The Times publicou uma pesquisa do instituto YouGov indicando a vitória da secessão por dois pontos (51%-49%).
Na segunda-feira, uma nova pesquisa apontou empate técnico, com 38% para o "Sim" e 39% para o "Não", e 23% de indecisos ou que não opinaram.
"Vamos vencer este referendo em favor da Escócia", assegurou confiante Alex Salmond. Ele sonha em repetir a onda eleitoral que deu a maioria absoluta a seu partido separatista, o Scottish National Party (SNP), nas legislativas regionais de 2011.
"Não há absolutamente nada de novo nas propostas (de seus adversários), escritas no último minuto no verso de um envelope (...) É perfeitamente inadequado, não é suficiente", declarou.
Seja qual for o resultado da eleição, o líder separatista terá o direito de reivindicar uma vitória no melhor e no pior dos casos.
Como em uma partida de pôquer de alto risco, David Cameron aceitou organizar um referendo que acreditava ter em suas mãos.
Em 18 de setembro, os 4,2 milhões de eleitores escoceses, 8,3% da população britânica, poderão responder à pergunta "A Escócia deve ser um país independente? Sim/Não", o que determinará o futuro do Reino Unido.
A rainha Elizabeth II, que os defensores da independência querem manter como chefe de Estado e que é considerada neutra no debate, disse estar "horrorizada" com a perspectiva de secessão, segundo comentários feitos por uma fonte ligada à realeza que não quis se identificar.
"Eu acredito que ela ficaria orgulhosa de ser a rainha da Escócia", comentou Alex Salmond nesta terça-feira.