Muçulmanos protestam em ato de condenação a ataque a mesquitas na Nova Zelândia, após orações de sexta-feira em Mesquita de Bangladesh (Mohammad Ponir Hossain/Reuters)
Reuters
Publicado em 15 de março de 2019 às 09h54.
Última atualização em 15 de março de 2019 às 12h30.
Líderes políticos e religiosos de todo o mundo expressaram repúdio e tristeza perante os ataques a tiros em duas mesquitas da Nova Zelândia nesta sexta-feira, 15, e alguns culparam políticos e a mídia por terem incitado o ódio aos muçulmanos que levou ao massacre.
Enquanto governos da Ásia e do Oriente Médio se mobilizavam para descobrir quantos de seus cidadãos foram vitimados pelo massacre em Christchurch, houve quem demonstrasse revolta pelo fato de os agressores terem atacado fiéis durante as orações de sexta-feira.
"Atribuo estes ataques terroristas crescentes à atual islamofobia pós-11 de Setembro, (por causa da qual) 1,3 bilhão de muçulmanos têm sido culpados coletivamente por qualquer ato de terrorismo", publicou o primeiro-ministro paquistanês, Imran Khan, em redes sociais.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, condenou o "massacre horrível" e a Casa Branca chamou de "ato cruel de ódio" o ato.
Mais cedo, a secretária de imprensa da Casa Branca, Sarah Sanders, disse em comunicado que os Estados Unidos condenavam veementemente o ataque.
"Os Estados Unidos condenam veementemente o ataque em Christchurch. Nossos pensamentos e orações estão com as vítimas e suas famílias. Estamos solidários com o povo da Nova Zelândia e seu governo contra esse ato cruel de ódio", disse Sanders.
O papa Francisco expressou nesta sexta-feira sua "sincera solidariedade" após os ataques terroristas contra duas mesquitas em Christchurch, na Nova Zelândia, nos quais morreram pelo menos 49 pessoas e que o pontífice qualificou de atos de "uma violência sem sentido".
O secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, enviou hoje um telegrama de pêsames em nome do papa que afirma que Francisco está "profundamente entristecido" pelo ocorrido e mostra solidariedade à Nova Zelândia, especialmente à comunidade muçulmana.
De acordo com a mensagem, o papa reza pela "cura dos feridos, e para que tenham consolo aqueles que sofreram a perda de seus entes queridos, e por todos os afetados por esta tragédia".
O presidente francês Emmanuel Macron, que está em viagem pela África, denunciou no Twitter os "crimes odiosos contra as mesquitas em Christchurch" e insistiu que "a França deve se insurgir contra todas as formas de extremismo e agir com seus aliados contra o terrorismo no mundo".
Toutes nos pensées pour les victimes des crimes odieux contre les mosquées de Christchurch en Nouvelle-Zélande et pour leurs proches. La France se dresse contre toute forme d’extrémisme et agit avec ses partenaires contre le terrorisme dans le monde.
— Emmanuel Macron (@EmmanuelMacron) March 15, 2019
A rainha Elizabeth, do Reino Unido, disse que está profundamente entristecida com o massacre.
...I also pay tribute to the emergency services and volunteers who are providing support to those who have been injured.
At this tragic time, my thoughts and prayers are with all New Zealanders.
Elizabeth R. (2/2)https://t.co/65pL375hFC
— The Royal Family (@RoyalFamily) March 15, 2019
"Estou profundamente entristecida com os terríveis acontecimentos em Christchurch hoje. O príncipe Philip e eu enviamos nossas condolências às famílias e amigos daqueles que perderam suas vidas", disse a rainha em um comunicado.
"Também presto homenagem aos serviços de emergência e voluntários que prestam apoio àqueles que foram feridos. Neste momento trágico, meus pensamentos e orações estão com todos os neozelandeses".
O Governo do México também condenou o ataque. "O Governo do México expressa sua solidariedade ao governo e povo da Nova Zelândia pelos trágicos ataques a mesquitas em Christchurch", destacou a Secretaria de Relações Exteriores do país no Twitter. A Chancelaria acrescentou que "a inclusão e o respeito à diversidade são valores fundamentais para ambos os países".
Mexico expresses its solidarity with the people and government of New Zealand over the tragical shootings in the Christchurch mosques. Inclusion and respect for diversity are fundamental values of our two nations. 🇲🇽 🇳🇿 @NZinMexico @MFATgovtNZ @EmbaMexNze
— Relaciones Exteriores (@SRE_mx) March 15, 2019
O ministro das Relações Exteriores da Turquia, Mevlut Cavusoglu, disse que o ataque é resultado da demonização dos muçulmanos. "Não somente os perpetradores, mas também políticos e a mídia que alimentam a islamofobia já exacerbada e o ódio no Ocidente são igualmente responsáveis por este ataque hediondo", escreveu ele no Twitter.
Not only the perpetrators, but also politicians & media, that fuel the already escalated Islamophobia and hate in the West, are equally responsible for this heinous attack.
— Mevlüt Çavuşoğlu (@MevlutCavusoglu) March 15, 2019
O ministro de Estado das Relações Exteriores de Bangladesh, Shahriar Alam, disse ter sido uma "sorte extrema" que o time de críquete do país, que estava em Christchurch para uma partida contra a Nova Zelândia, não tenha sofrido baixas. Os jogadores chegavam para as orações de sexta-feira quando os disparos começaram.
"Nem consigo imaginar o que teria acontecido se eles tivessem chegado cinco minutos mais tarde", disse ele em redes sociais.
Centenas de manifestantes revoltados em Daca, capital de Bangladesh, bradaram "allahu akbar" (Deus é o maior) depois das orações desta sexta-feira.
"Não permitiremos que o sangue de muçulmanos escorra em vão", disse um deles.
A polícia neozelandesa disse que 49 pessoas foram mortas. Três homens e uma mulher estão sob custódia, e um homem foi acusado de assassinato. A premiê, Jacinda Ardern, disse que algumas das vítimas podem ser novos imigrantes e refugiados.
The person who has committed this violent act has no place here. To those in Christchurch; I encourage you to stay inside and follow the instructions of @nzpolice. The Police Commissioner will be making a public statement at 5pm. I will update everyone again later this evening.
— Jacinda Ardern (@jacindaardern) March 15, 2019
"Eles são nós", afirmou. "A pessoa que perpetuou esta violência contra nós não é. Eles não têm lugar na Nova Zelândia".
Seu colega australiano, Scott Morrison, disse que um cidadão de seu país preso após o ataque é um "terrorista extremista e violento de direita".
I condemn the violent, extremist, right-wing terrorist attack that has stolen the lives of so many innocent New Zealanders as they went about their peaceful practice of worship at their mosques in Christchurch today.
— Scott Morrison (@ScoMo30) March 15, 2019
Cidade de cerca de 400 mil pessoas, Christchurch tem uma comunidade islâmica pequena, que inclui estudantes estrangeiros.
Sadiq Khan, o primeiro prefeito muçulmano de Londres, disse que os londrinos estão ao lado do povo de Christchurch.
"Quando as chamas do ódio são atiçadas, quando as pessoas são demonizadas por causa de sua fé, quando os medos das pessoas são explorados, ao invés de tratados, as consequências são fatais, como vimos hoje com tanta tristeza", disse.