Líderes de 53 países participaram na reunião de Seul: "acabar com esta ameaça requer medidas enérgicas a nível nacional e uma cooperação internacional", diz comunicado (Jewel Samad/AFP)
Da Redação
Publicado em 27 de março de 2012 às 12h13.
Seul - Os principais dirigentes do mundo se comprometeram nesta terça-feira a desenvolver uma ação enérgica para combater a ameaça do terrorismo nuclear, incluindo minimizar o uso civil de urânio altamente enriquecido que pode ser utilizado para fabricar bombas.
"O terrorismo nuclear continua sendo uma das maiores ameaças para a segurança internacional", afirma o comunicado final dos 53 participantes na reunião de cúpula bienal que teve início na segunda-feira em Seul, na presença do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama.
"Acabar com esta ameaça requer medidas enérgicas a nível nacional e uma cooperação internacional, dado o potencial de consequências políticas, econômicas, sociais e psicológicas", completa o texto.
Os participantes também destacaram a necessidade de vigiar as reservas de urânio altamente enriquecido (UAH) e de plutônio, duas substâncias que permitem fabricar armas nucleares.
"A reunião estimula os Estados que possam fazê-lo a anunciar voluntariamente, até 2013, ações específicas destinadas a minimizar a utilização de UAH, como a conversão de reatores que funcionem com UAH em reatores com urânio empobrecido, que não é utilizado para fabricar armas.
Durante a sessão plenária, o primeiro-ministro da França, François Fillon, destacou que "não se pode privar das vantagens do setor nuclear", pois o aquecimento global poderá ser muito mais perigoso que "qualquer acidente tecnológico".
As conclusões do evento não foram totalmente satisfatórias para vários analistas presentes em Seul.
"O que nós precisávamos era um pouco mais de visão sobre a forma de progredir a respeito de nossa situação atual", afirmou Ken Luongo, um dos presidentes do grupo de trabalho sobre os materiais físseis que reúne especialistas sobre a não proliferação.
O teor do comunicado foi suavizado para satisfazer a todos os participantes, segundo Luongo.
"Por meio das negociações se chega ao mínimo denominador comum", explicou.
Mas a reunião foi, sobretudo, uma oportunidade para que os representantes de Estados Unidos, China e Coreia do Sul discutissem nos bastidores o projeto norte-coreano de enviar ao espaço, em meados de abril, um foguete de longo alcance que, segundo Pyongyang, transportará um satélite.
Washington e seus aliados denunciaram um disparo dissimulado de míssil, em violação às resoluções da ONU, que proíbem a Coreia do Norte de executar testes nucleares ou balísticos.
Durante um encontro na segunda-feira com Obama, o presidente da China, Hu Jintao, manifestou "grande preocupação" com o projeto.
Pequim é o único aliado importante da Coreia do Norte, país ao qual concede apoio econômico.
Na segunda-feira, Barack Obama declarou que os Estados Unidos não têm "nenhuma intenção hostil" com Pyongyang, mas criticou as "provocações" e pediu ao regime comunista que abandone suas ambições nucleares.
"Quero me dirigir diretamente aos dirigentes de Pyongyang. Os Estados Unidos não têm intenções hostis em relação ao seu país. Nós queremos a paz", declarou Obama em um discurso para estudantes de Seul.
"Hoje afirmamos a Pyongyang: tenha o valor de buscar a paz e oferecer uma vida melhor aos norte-coreanos", completou.
O governo da Coreia do Norte respondeu nesta terça-feira que não abandonará o direito de lançar um "satélite pacífico".
"Nós não abandonaremos jamais o direito de lançar um satélite pacífico, um direito legítimo para um Estado soberano e uma etapa fundamental para o desenvolvimento econômico", afirma uma nota da agência oficial norte-coreana KCNA.
No texto, o governo norte-coreano afirma que convidou a agência espacial americana, Nasa, a enviar seus especialistas "para que possam observar a natureza pacífica do lançamento do satélite".
*Matéria atualizada às 12h10