Fidel Castro: Presidente sul-africano agradeceu o líder cubano por sua ajuda na luta para derrubar o apartheid (Charles Platiau/Reuters)
Reuters
Publicado em 26 de novembro de 2016 às 10h18.
Última atualização em 26 de novembro de 2016 às 10h48.
Moscou — Líderes mundiais fizeram tributos neste sábado (26) a Fidel Castro, o líder revolucionário cubano que construiu um estado comunista à porta dos Estados Unidos, mas tanto na morte quanto em vida ele dividiu opiniões e críticos o rotularam de tirano.
Castro morreu na sexta-feira (25) aos 90 anos, anunciou seu irmão mais novo e sucessor Raúl Castro na televisão estatal.
Mikhail Gorbachev, o último líder da União Soviética, que há muito tempo atuava como um suporte econômico e político para Cuba, disse que Castro deixou uma marca duradoura em seu país e na história mundial.
"Fidel manteve seu território e fortaleceu seu país na época do mais severo bloqueio norte-americano, no momento da pressão maciça sobre ele", disse Gorbachev, segundo a agência de notícias Interfax.
"No entanto, ele levou seu país do bloqueio para o caminho do desenvolvimento auto-sustentado e independente".
Num telegrama de condolências a Raúl Castro, o presidente russo, Vladimir Putin, chamou o falecido líder de "um exemplo inspirador para muitos países".
"Fidel Castro era um amigo franco e experimentado da Rússia", disse o Kremlin citando a mensagem.
Na Venezuela, aliado de longa data de Cuba e firme opositor da postura política dos Estados Unidos, o presidente Nicolas Maduro disse que Castro inspirou e continuaria a inspirar seu país.
"Continuaremos vencendo e continuaremos lutando, Fidel Castro é um exemplo da luta para todos os povos do mundo. Iremos adiante com seu legado", disse Maduro à televisão Telesur por telefone.
Na Bolívia, onde Ernesto "Che" Guevara morreu em 1967 em uma tentativa fracassada de exportar a revolução cubana, o presidente Evo Morales disse em uma declaração: "Fidel Castro nos deixou um legado de ter lutado pela integração dos povos do mundo ... A partida do Comandante Fidel Castro realmente dói".
O presidente equatoriano, Rafael Correa, disse: "Um grande deixou-nos, Fidel morreu, vive Cuba, vive a América Latina!".
O presidente sul-africano Jacob Zuma deu palavras calorosas, agradecendo o líder cubano por sua ajuda e apoio na luta para derrubar o apartheid.
"O Presidente Castro se identificou com nossa luta contra o apartheid. Ele inspirou o povo cubano a se juntar a nós em nossa luta contra o apartheid", declarou Zuma em comunicado.
O presidente francês Francois Hollande lamentou a perda de uma figura importante no cenário mundial e congratulou-se com a aproximação entre Havana e Washington, embora salientando as preocupações sobre os direitos humanos sob o regime de Castro.
"Fidel Castro era uma figura imponente do século XX. Ele encarnou a revolução cubana, em suas esperanças e desilusões subsequentes", disse Hollande em comunicado.
"A França, que condenou os abusos de direitos humanos em Cuba, igualmente desafiou o embargo americano a Cuba, e a França ficou satisfeita de ver os dois países restabelecer o diálogo e abrir os laços entre si,", acrescentou o líder do Partido Socialista.
Hollande conheceu Fidel Castro em maio de 2015, durante a primeira visita já por um chefe de Estado francês a Cuba desde a revolução cubana.
Em contraste, a reação de alguns cubanos que vivem nos Estados Unidos foi contundente e comemorativa.
Representante do Congresso dos EUA Ileana Ros-Lehtinen, um cubano-americano republicano de Miami, disse em um comunicado: "um tirano está morto e um novo começo pode amanhecer sobre o último bastião comunista restante do hemisfério ocidental."
Em Miami, na área circundante do restaurante Versailles, onde vivem muitos exilados que haviam fugido da revolução cubana, as pessoas tomaram as ruas em seus carros nas primeiras horas da manhã de sábado para celebrar a morte de Fidel Castro.
Centenas de pessoas reuniram-se agitando bandeiras, batendo panelas e carregando guarda-chuvas para protegê-los da chuva constante.
"Este é o dia mais feliz da minha vida, os cubanos estão finalmente livres," disse Orlidia Montells, uma mulher de 84 anos.