Um acordo sobre a liberação de reféns retidos em Gaza em troca da liberação de presos palestinos e de uma "trégua" parece estar mais próximo (SAID KHATIB/AFP)
Agência de notícias
Publicado em 21 de novembro de 2023 às 16h07.
Última atualização em 21 de novembro de 2023 às 16h31.
A cúpula extraordinária do grupo Brics pediu, nesta terça-feira, 21, "uma trégua humanitária imediata" que leve a um cessar-fogo na Faixa de Gaza e "a proteção dos civis e a prestação de ajuda humanitária".
A África do Sul anunciou na segunda-feira esta reunião extraordinária do Brics (China, Brasil, Rússia, Índia e África do Sul), grupo que defende um maior equilíbrio mundial, menos influenciado por Estados Unidos e União Europeia.
"Reiteramos nosso firme apoio aos esforços regionais e internacionais, visando alcançar o fim imediato das hostilidades, a proteção dos civis e a prestação de ajuda humanitária", diz a ata da reunião virtual que foi divulgada pela Presidência sul-africana.
Durante essa reunião, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recordou que havia solicitado diversas vezes a libertação imediata dos reféns israelenses nas mãos do movimento islamista palestino Hamas. Mas insistiu que nada justifica "o uso de força indiscriminada e desproporcional contra civis". São "os inocentes [que] pagam o preço pela insanidade da guerra", acrescentou.
O presidente russo, Vladimir Putin, instou a comunidade internacional a "unir seus esforços para apaziguar a situação", e assegurou que o grupo do Brics "poderia desempenhar um papel fundamental neste trabalho".
Por sua vez, seu contraparte chinês, Xi Jinping, pediu a todas as partes que "ponham fim a toda violência e aos ataques contra civis", assim como a libertação dos "presos civis para evitar novas perdas de vidas humanas e novos sofrimentos".
Também propôs organizar o quanto antes uma "conferência internacional para a paz" para encontrar uma "solução justa para a questão da Palestina".
O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, anfitrião dessa reunião dedicada ao conflito, denunciou "o castigo coletivo de Israel aos civis palestinos mediante o uso ilegal da força", qualificando-a de "crime de guerra". "A negativa deliberada de prover medicamentos, combustível, comida e água aos habitantes de Gaza equivale a um genocídio", acrescentou.
Ramaphosa solicitou "ações urgentes e concretas para pôr fim ao sofrimento em Gaza". Além de um cessar-fogo "imediato e total", pediu a rápida mobilização de uma força da ONU para "vigiar o fim das hostilidades e proteger os civis".
Também defendeu que "todos os países" mostrem "moderação e deixem de alimentar esse conflito", especialmente "deixando de prover armas às partes".
Um acordo sobre a liberação de reféns retidos em Gaza em troca da liberação de presos palestinos e de uma "trégua" parece estar mais próximo, anunciaram fontes palestinas e do Catar nesta terça-feira.
A África do Sul, calorosa defensora da causa palestina, é um dos países mais críticos dos intensos bombardeios israelenses na Faixa de Gaza em resposta aos ataques que o Hamas perpetrou contra Israel em 7 de outubro.
Na sexta-feira, Ramaphosa havia solicitado, junto de outros quatro Estados, uma investigação no Tribunal Penal Internacional (TPI) sobre essa guerra.
Pretória também chamou para consultas os seus diplomatas em Israel no início do mês. Na segunda-feira, Israel, por sua vez, anunciou que também havia chamado para consultas o seu embaixador na África do Sul.
A China, que também é favorável a uma solução de dois Estados e pede um cessar-fogo imediato desde o início da guerra, instou, na segunda-feira, a comunidade internacional a "atuar urgentemente".
Do lado russo, Putin se esforça para se apresentar como o líder da luta contra a hegemonia americana. O presidente russo avalia que os Estados Unidos são responsáveis pelo atual conflito, e acusa esse país de ter monopolizado tradicionalmente o processo de paz entre israelenses e palestinos sem conseguir nenhuma solução.
O Kremlin insiste em um cessar-fogo em Gaza e reitera que a única maneira de alcançar uma paz duradoura no Oriente Médio é a criação de um Estado palestino.