O aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã (Majid/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 8 de julho de 2014 às 18h12.
Dubai /Viena - O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse nesta terça-feira que o país precisará aumentar significativamente a capacidade de enriquecimento de urânio, salientando uma diferença de posição entre Teerã e potenciais mundiais num momento em que as duas partes mantêm conversas para chegar a um acordo nuclear.
O Irã e seis potenciais mundiais - Estados Unidos, Rússia, França, Alemanha, China e Grã-Bretanha - têm menos de duas semanas para superar suas diferenças sobre o futuro alcance do programa iraniano de enriquecimento de urânio e outras questões, antes do prazo definido por ambos os lados para se chegar a um acordo, em 20 de julho.
Eles retomaram as conversas em Viena na semana passada e seus negociadores continuaram reunidos na capital austríaca na terça-feira, mas não havia sinais imediatos de qualquer progresso substancial.
A capacidade do Irã de refinar urânio está no centro do impasse nuclear e é vista como a questão mais difícil a ser resolvida.
O Irã insiste que precisa expandir sua capacidade de refinar urânio para abastecer uma rede planejada de usinas nucleares para fins energéticos.
Já as potências dizem que o governo iraniano tem de reduzir criticamente sua capacidade para que não seja capaz de produzir rapidamente uma bomba nuclear utilizando urânio enriquecido em um grau bem mais alto.
“O objetivo deles é que aceitemos uma capacidade de 10 mil unidades de trabalho separativo (UTS), equivalente a 10 mil centrífugas do tipo antigo que já usamos. Nossos representantes dizem que precisamos de 190 mil unidades de trabalho separativo. Talvez não seja uma necessidade neste ano ou em dois anos, ou em cinco anos, mas é uma necessidade absoluta do país”, disse Khamenei em um comunicado publicado em seu website na noite de segunda-feira.
O Irã diz que seu programa tem fins civis, tais como geração de eletricidade, e nega qualquer ambição de fabricar uma bomba nuclear.
Por outro lado, encerrar uma disputa com o Irã que já dura uma década é central para reduzir as tensões e reverter o perigo de uma guerra no Oriente Médio.
Um diplomata ocidental deixou claro as difíceis negociações enfrentadas para se alcançar um acordo: “Ainda estamos distantes de um acordo… (mas) o prazo é 20 de julho e é nessa direção que estamos trabalhando."
O especialista iraniano Ali Vaez disse que as negociações estavam agora em um estado precário. “Isso mais uma vez foi transformado em uma disputa de vontades”, disse Vaez, do Grupo Internacional de Crises.
Na semana passada, outros diplomatas ocidentais disseram que o Irã havia reduzido, nas negociações, a demanda sobre o tamanho de seu futuro programa de enriquecimento de urânio, embora governos ocidentais tenham pedido que Teerã faça mais concessões. Eles não deram detalhes.
Em desafio à pressão Ocidental, o Irã expandiu fortemente o número de centrífugas na última década até ter parado de fazer isso sob um acordo provisório firmado em 24 de novembro com as potências mundiais, em troca de um afrouxamento nas sanções.
O Irã quer o fim das sanções, que têm prejudicado sua economia e reduzido as exportações de petróleo. Mas Khamenei, último árbitro em todas as principais decisões no Irã, disse que o país “tem de se planejar para o futuro, supondo que o inimigo não vai aliviar as sanções."
Khamenei afirmou que a ideia de fechar a usina subterrânea de enriquecimento de Fordow era “risível”, segundo seu website.