Mustafa Abdel Jalil encontrará Nicolas Sarkozy em Paris (Andreas Rentz/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 20 de abril de 2011 às 10h07.
Benghazi - O presidente francês Nicolas Sarkozy se encontrará com o líder dos rebeldes líbios, Mustafa Abdel Jalil, em Paris nesta quarta-feira, enquanto as potências ocidentais lutam para romper o impasse no conflito que já dura dois meses.
Os combates entre as forças do líder líbio Muammar Kadafi e os rebeldes parecem ter se estagnado em um fronte de batalha a oeste de Ajdabiyah, no leste da Líbia.
Misrata, único enclave dos insurgentes no oeste, está sitiada há mais de sete semanas.
A reunião desta quarta-feira será a primeira ocasião em que Sarkozy, primeiro líder estrangeiro a reconhecer o conselho de transição nacional dos rebeldes, se encontrará com Jalil, outrora ministro da Justiça de Kadafi.
Jalil deve pedir um aumento dos ataques aéreos da Otan e pode fornecer uma lista de nomes de autoridades em Trípoli com quem a oposição estaria disposta a trabalhar se Kadafi sair, disse uma fonte próxima da oposição líbia na terça-feira.
O escritório de Sarkozy informou que as conversas se concentrarão em como levar uma transição democrática à Líbia.
O ministro das Relações Exteriores líbio, Abdul Ati al Obeidi, teria dito nesta quarta-feira que o governo pode realizar eleições, incluindo sobre o futuro de Kadafi, se os ataques aéreos do Ocidente cessarem.
"Se o bombardeio parasse, disse al Obeidi, após seis meses poderia haver uma eleição supervisionada pela ONU," relatou a rádio BBC.
"O ministro das Relações Exteriores disse que a eleição pode cobrir qualquer tema levantado por todos os líbios, tudo pode ser colocado na mesa, incluindo, deixou implícito, o futuro de Kadafi como líder."
Al Obeidi também criticou a decisão da Grã-Bretanha de enviar militares para aconselhar os insurgentes líbios.
"Ele disse que isso só prolongará os combates", informou a BBC.
A Grã-Bretanha declarou na terça-feira que enviará militares para dar conselhos aos rebeldes sobre organização e comunicações, mas não para treinar ou armar combatentes. A França também diz se opor ao envio de tropas terrestres à Líbia.
Sergei Lavrov, ministro das Relações Exteriores russo, disse que o apoio aéreo ocidental está permitindo à oposição líbia se recusar a sentar para negociar.
"O Conselho de Segurança da ONU nunca teve como objetivo derrubar o regime líbio", declarou ele em Belgrado.
A ONU apelou por um cessar-fogo em Misrata, dizendo que pelo menos 20 crianças foram mortas em ataques de forças governamentais.
A terceira cidade líbia, onde se acredita que centenas foram mortos por bombardeios e fogo de atiradores de elite das unidades de Kadafi, é o foco dos esforços para proteger civis enquanto Kadafi tenta sufocar uma rebelião contra seu governo de 41 anos.
Nove semanas após a eclosão da rebelião, inspirada pelos levantes contra governantes árabes autocratas, a campanha aérea conduzida pela Otan para deter os ataques contra civis fracassou em impedir os bombardeios.