Mahmud Abbas: ele questionou o futuro deste arranjo entre Israel e Hamas (Abbas Momani/AFP)
Da Redação
Publicado em 29 de agosto de 2014 às 15h43.
Ramallah, Cisjordânia - O presidente palestino, Mahmoud Abbas, acusou o Hamas de estender sem necessidade o conflito com Israel na Faixa de Gaza.
"Seria possível termos evitado tudo isso, dois mil mártires, 10 mil feridos, 50 mil casas [destruídas]", disse Abbas em depoimento transmitido pela TV palestina nesta sexta-feira.
Segundo ele, o Hamas insistiu em discutir suas exigências antes de dar fim ao conflito, o que só teria servido para prolongar a violência.
Durante o combate, diversas tentativas de cessar-fogo mediadas pelo Egito falharam e, no fim, o Hamas acabou aceitando quase o mesmo acordo que havia sido oferecido desde o início.
"A resolução egípcia estava na mesa desde o dia 15 de julho, foi apoiada pela Liga Árabe, foi aceita por Israel, mas rejeitada pelo Hamas na época e agora, depois de mais de um mês, o grupo aceitou tardiamente o acordo", criticou o porta-voz do governo, Mark Regev.
"Quando a poeira do conflito em Gaza baixar, muitas pessoas se questionarão por que o Hamas rejeitou [a proposta] há um mês e agora aceitou, e se o grupo tivesse aceitado na época o que acabou aceitando agora, quantas mortes poderiam ter sido evitadas."
Na terça-feira, as duas partes concordaram com uma trégua de longo prazo.
O cessar-fogo deu um fim imediato ao conflito, mas deixou diversas questões mal resolvidas. Israel aceitou amenizar um bloqueio na Faixa de Gaza para permitir a entrada de suprimentos de ajuda humanitária e materiais de construção na região.
Ao mesmo tempo, no entanto, muitas das restrições continuam estabelecidas. O Hamas, enquanto isso, rejeitou as exigências de Israel para que se desarmasse.
Abbas, cuja Autoridade Palestina formou um governo de unidade apoiado pelo Hamas no começo do ano, questionou o futuro deste arranjo na entrevista. O conflito ameaça a harmonia do governo.
"Eles [Hamas] têm um governo sombra, se isso continuar, significa que não haverá unidade. O teste deve chegar logo. O governo precisa fazer seu trabalho e lidar com tudo", disse Abbas.
"Eu não quero dizer que isso vai ocorrer de um momento para o outro, esta é uma cisão de sete anos que vai precisar de meses ou anos [para se resolver]."
Fonte: Associated Press.