PKK: "não serão as armas mas a política que falará", afirmou o líder (Mustafa Ozer/AFP)
Da Redação
Publicado em 21 de março de 2013 às 10h27.
Diyarbakir - O líder do grupo armado Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), Abdullah Ocalan, que está preso, pediu nesta quinta-feira aos seus seguidores que abandonem as armas e optem pelas vias democráticas.
Em sua mensagem, lida diante de milhares de pessoas em Diyarbakir, a capital do Curdistão turco, por dois deputados do Partido da Paz e a Democracia (BDP), Ocalan afirmou: "deixem as armas e marchem para fora das fronteiras (da Turquia)".
"Hoje é o início de um novo tempo. Um tempo no qual começam os direitos democráticos, a liberdade e a igualdade. As armas devem se calar", disse Ocalan em sua mensagem.
"O derramamento de sangue turco e curdo se deterá. Não serão as armas mas a política que falará", afirmou.
"Este não é um tempo de guerra e luta, mas de alianças e compromissos", ponderou.
Ocalan, de 63 anos, fundador e líder do PKK, conversou nas últimas semanas com o serviço secreto turco sobre as condições para um processo de paz com o Estado.
O primeiro-ministro turco, o islamita moderado Recep Tayyip Erdogan, deu garantias há algumas semanas atrás de que o Exército não atacaria os milicianos durante uma possível retirada do norte do Iraque, onde o PKK mantém suas bases.
O anunciou de Ocalan ocorre após 2012 ser o ano mais sangrento do conflito desde o início do século. Ao todo 140 soldados e policiais e mais de 500 guerrilheiros morreram em enfrentamentos no sudeste da Turquia.
Os contatos entre Ocalan e o serviço de inteligência turco foram confirmados há semanas e ambas as partes afirmaram que ocorreram "avanços positivos".
Em setembro de 2011, negociações secretas entre o hoje chefe do serviço secreto turco, Hakan Fidan, e delegados do PKK em Oslo foram vazadas ao público e suspensas.
Após o fracasso, Erdogan adotou um discurso duro, inclusive insinuando que Ocalan deveria ter sido executado. Ao mesmo tempo, introduziu reformas históricas como o ensino optativo do curdo em alguns colégios públicos e o uso de "línguas maternas", incluindo o curdo, nos Tribunais.
O PKK pegou em armas em 1984 para reivindicar os direitos dos mais de 12 milhões de curdos que habitam a Turquia. Desde então, aproximadamente 45 mil pessoas morreram nos enfrentamentos entre os milicianos e as forças de segurança turcas.