Mohammad Javad Zarif: segundo o líder espiritual e político iraniano, os "insultos" americanos não servem mais do que para encorajar uma resposta arrasadora (Atta Kenare/AFP)
Da Redação
Publicado em 17 de fevereiro de 2014 às 16h03.
Teerã - O líder supremo do Irã, aiatolá Ali Jomeneí, afirmou nesta segunda-feira que não se opõe às negociações nucleares, mas assinalou que acredita que serão "inúteis", um dia antes que estas sejam retomadas em Viena para chegar a um pacto nuclear definitivo entre Irã e a comunidade internacional.
Apesar das dúvidas, Khamenei respaldou a atividade do Ministério das Relações Exteriores, cujo titular, Mohamad Yavad Zarif, lidera o diálogo com o Grupo 5+1 (China, Rússia, EUA, Alemanha, França e Reino Unido), e assegurou que Teerã respeitará o estipulado, em um encontro nesta segunda-feira com residentes do leste do Azerbaijão, informou a agência de notícias nacional "Irna".
"A tarefa iniciada pelo Ministério das Relações Exteriores continuará. O Irã não romperá com a promessa que fez. No entanto, digo que é inútil (negociar) e que não levará a nada. Mas os oficiais farão o esforço", assinalou em seu discurso, recolhido em seu site.
"A razão das minhas dúvidas ficou clara nas recentes e infundadas alegações de senadores e altos cargos dos Estados Unidos contra o povo iraniano", explicou, em referência às recentes críticas em direção a Teerã por parte de altos cargos em Washington.
Segundo o líder espiritual e político iraniano, os "insultos" americanos não servem mais do que para encorajar uma "resposta arrasadora".
Para Khamenei, se chegar a resolver a questão nuclear, os mEUA encontrariam em breve alguma outra questão, como a capacidade de míssil iraniano ou os direitos humanos, para criticar a República Islâmica.
Zarif viajou hoje a Viena, onde jantará nesta noite com a chefe da diplomacia europeia, Catherine Ashton, e serão reiniciadas amanhã as negociações nucleares.
Já definidos os parâmetros para a aplicação do acordo de princípios assinado em novembro e depois que este entrou em vigor em 20 de janeiro, as partes deverão começar amanhã a debater um acordo definitivo que ponha fim a dez anos de crise entre Irã e o mundo.
A comunidade internacional teme que a República Islâmica pretenda desenvolver armas nucleares, algo que o Irã nega ao mesmo tempo em que exige que o mundo respeite seu direito de realizar um programa nuclear com fins pacíficos.