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Líder do Hamas concorda em princípio com acordo com Israel, e negociação entra em 'estágios finais'

'Acreditamos que estamos nos estágios finais, mas até que, obviamente, haja um anúncio, não há anúncio', diz porta-voz da Chancelaria do Catar, que é um dos mediadores

Negociações no Catar avançam para trégua e troca de reféns entre Hamas e Israel (AFP/Reprodução)

Negociações no Catar avançam para trégua e troca de reféns entre Hamas e Israel (AFP/Reprodução)

Agência o Globo
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Publicado em 14 de janeiro de 2025 às 17h14.

Última atualização em 14 de janeiro de 2025 às 17h20.

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O Hamas afirmou nesta terça-feira, 14, que um acordo para libertação de reféns de Israel e o fim dos combates na Faixa de Gaza está em seus “estágios finais”. Essa foi a primeira vez que a organização fez uma declaração desse tipo. Mohammed Sinwar, líder do Hamas em Gaza, onde o conflito já dura 15 meses, concordou em princípio com os termos do acordo durante a madrugada, segundo autoridades árabes ouvidas pelo jornal americano Wall Street Journal.

“Hoje estamos mais perto do que em qualquer momento do passado para um acordo”, disse Majed Al-Ansari, porta-voz do Ministério de Relações Exteriores do Catar. O país é sede das rodadas de negociação e atua como mediador, ao lado de Egito, Turquia e Estados Unidos. “Acreditamos que estamos nos estágios finais, mas até que, obviamente, haja um anúncio, não há anúncio”, completou Al-Ansari.

Os negociadores, incluindo Steve Witkoff, enviado designado pelo então presidente eleito Donald Trump para o Oriente Médio, se reuniram ao meio-dia (6h em Brasília) em Doha, no Catar. O objetivo era finalizar o esboço do pacto. De acordo com fontes árabes, os negociadores de Israel e do Hamas estiveram no mesmo local, mas não na mesma sala, e mensagens foram trocadas por meio dos mediadores.

Embora as partes tenham concordado com os pontos mais importantes do acordo, alguns aspectos ainda estão sendo debatidos. Autoridades alertam que as negociações podem fracassar, como já ocorreu em rodadas anteriores. Qualquer acordo precisará ser aprovado pelo Gabinete de Segurança de Israel e por todo o governo.

O conflito em Gaza começou após o ataque de 7 de outubro de 2023, liderado por radicais islâmicos do Hamas, que matou quase 1,2 mil pessoas e fez 251 reféns no sul de Israel. Desde então, 157 reféns foram libertados ou resgatados, mas 94 permanecem sob custódia. Estima-se que 60 ainda estejam vivos. Por outro lado, mais de 46 mil palestinos foram mortos desde o início da guerra, segundo o Ministério de Saúde de Gaza.

Termos do acordo e próximos passos

A primeira fase do acordo prevê a troca de 33 reféns israelenses por prisioneiros palestinos detidos em Israel. Fontes afirmam que os reféns incluiriam mulheres, crianças, pessoas gravemente feridas e maiores de 50 anos. A libertação deve ocorrer ao longo de semanas, com hospitais israelenses já se preparando para receber os reféns, muitos deles em condições críticas.

Israel ainda não sabe quantos dos 33 reféns previstos para a primeira fase estão mortos, mas acredita que a maioria esteja viva. O número exato de prisioneiros palestinos a serem libertados dependerá dessa confirmação. Reféns mortos geram uma exigência maior do Hamas em relação ao número de prisioneiros trocados.

Além disso, foi acordado que prisioneiros palestinos condenados por assassinato não poderão retornar à Cisjordânia. Esses indivíduos e suas famílias seriam exilados no exterior, mas detalhes sobre os arranjos de segurança ainda estão em negociação.

Cessar-fogo permanente está na pauta

O Hamas aceitou garantias verbais de países como Estados Unidos, Catar, Egito e Turquia de que Israel continuará as negociações para um cessar-fogo permanente após a primeira fase do acordo. O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, também realizou encontros com ministros de extrema direita contrários à trégua, como Itamar Ben-Gvir e Bezalel Smotrich, para consolidar apoio político.

Embora a direita israelense ainda seja majoritariamente contra o acordo, um protesto recente em Jerusalém reuniu apenas algumas centenas de manifestantes, sugerindo apoio mais amplo ao avanço das negociações. Netanyahu, por sua vez, parece mais politicamente estável neste momento, em comparação a outras fases do processo, que já dura mais de um ano.

[Grifar] As negociações representam a maior esperança até agora para uma pausa na violência, embora os desafios ainda sejam significativos.

Acompanhe tudo sobre:HamasConflito árabe-israelense

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