O líder do grupo islamita Boko Haram, Abubakar Shekau, desmente sua morte (AFP/AFP)
Da Redação
Publicado em 2 de outubro de 2014 às 09h40.
Lagos - O líder do grupo terrorista Boko Haram, Abubakar Shekau, desmentiu nesta quinta-feira sua morte através de um vídeo, no qual também garante estar à frente do califado islâmico que sua milícia decretou em várias localidades do norte da Nigéria.
"Aqui estou, vivo. Só morrerei no dia em que Alá quiser", disse Shekau em um vídeo de mais de 30 minutos divulgado pela imprensa local.
O esclarecimento do líder dos islamitas desmente o porta-voz do Exército nigeriano, Chris Olukolade, que garantiu na quarta-feira que Shekau estava morto, sem contar com as outras duas vezes em que confirmou que seus soldados o mataram há meses.
"Isso é propaganda, que é predominante. Tenho uma só alma. Sou um estudante islâmico", garante Shekau em referência às afirmações do Exército.
O chefe do Boko Haram, que aparece as imagens armado e com uniforme militar, também adverte que colocará em prática a lei islâmica nos territórios ocupados pelo grupo durante as últimas semanas.
"Estamos iniciando nosso califado, nosso califado islâmico. Estamos seguindo o Corão. Agora temos que praticar os mandatos do Corão na terra de Alá", declarou no vídeo, reproduzido pelo jornal nigeriano "PM News".
Até o momento, mais de 15 localidades do norte do país estão sob o controle dos milicianos, que assassinaram centenas de pessoas -a maioria cristãs-, o que representa o primeiro passo para alcançar o objetivo de implantar um estado islâmico no país.
Essa foi a terceira vez que o Exército nigeriano, por intermédio de distintas fontes, afirmou ter matado o líder do Boko Haram.
A primeira foi em 2009 e a segunda em agosto de 2013, quando a Força de Ação Conjunta emitiu um comunicado assegurando que Shekau havia morrido em uma emboscada militar na floresta de Sambisa, no noroeste do país.
O Exército também precisou desmentir afirmações feitas por seu porta-voz a diferentes meios de comunicação sobre a libertação das meninas de Chibok, sequestradas desde abril.
Boko Haram, cujo nome significa em línguas locais "A educação não islâmica é pecado", luta para impor a lei islâmica no país, especialmente no norte, onde mantém uma sanguinária campanha que custou a vida a mais de três mil pessoas neste ano, segundo o governo nigeriano.