No final de 2024, o general liderou uma revisão constitucional que permitiu a militares em exercício concorrerem a cargos políticos, medida que viabilizou sua própria candidatura (AFP)
Agência de notícias
Publicado em 13 de abril de 2025 às 15h49.
Última atualização em 13 de abril de 2025 às 15h52.
O general Brice Clotaire Oligui Nguema foi eleito presidente do Gabão pelos próximos sete anos com 90,35% dos votos, segundo os resultados provisórios divulgados pelo Ministério do Interior neste domingo, 13.
A eleição, realizada 19 meses após o golpe militar liderado pelo próprio Nguema que derrubou a dinastia Bongo, consolida o fim do período de transição iniciado em 30 de agosto de 2023.
Com ampla vantagem, o general consolidou sua liderança no país. Seu principal adversário, Alain-Claude Bilie By Nze, que obteve apenas 3,02% dos votos, se apresentava como o candidato da ruptura. Os outros seis candidatos não alcançaram sequer 1% dos votos.
Crítico do poder autoritário, Nze denunciava a tentativa de Oligui Nguema de perpetuar o sistema do Partido Democrático Gabonês (PDG), que dominou o país por mais de cinco décadas. Já a plataforma de Nguema era calcada em discurso anticorrupção, e Nze falava em reordenar as finanças públicas e reduzir a dependência da França, antiga colonizadora do país africano.
Nguema se apresentou como um agente de mudança combatendo a velha guarda corrupta. Ele prometeu diversificar a economia, atualmente dependente do petróleo, e promover os setores de agricultura, indústria e turismo em um país onde um terço da população vive na pobreza.
No final de 2024, o general liderou uma revisão constitucional que permitiu a militares em exercício concorrerem a cargos políticos, medida que viabilizou sua própria candidatura. Durante a campanha, sua presença foi constante nos meios de comunicação, acompanhada de grandes mobilizações populares, especialmente na capital Libreville.
A votação ocorreu no sábado, 12, quando cerca de 850 mil eleitores foram às urnas para escolher o novo chefe de Estado para um mandato de sete anos. Cerca de 2.500 observadores foram credenciados pelas autoridades, que prometeram eleições “livres e transparentes”.
Agora, o governo do general enfrentará inúmeros desafios, entre eles o desemprego, cortes de energia e água, estradas deterioradas, falta de escolas e hospitais deficientes.