Primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, e chefe da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker: negociações de acordo para o Brexit pouco avançaram (Stefan Rousseau - PA Images/Getty Images)
AFP
Publicado em 22 de setembro de 2019 às 09h30.
A saída do Reino Unido da União Europeia (UE) prevista para 31 de outubro é "um momento trágico para Europa", declarou o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, em uma entrevista publicada pelo jornal espanhol El País.
"Vai contra o significado da história e contra o espírito de (líder britânico Winston) Churchill, que na sua época defendeu os Estados Unidos da Europa", disse o chefe do Executivo europeu, que deixará o cargo precisamente no dia 31 de outubro.
"Acredito que ainda temos a possibilidade de chegar a um acordo (…) Eu não defendo em absoluto a saída sem acordo. Não favorece ninguém, nem o Reino Unido nem a UE", afirmou Juncker, que considerou "construtiva e parcialmente positiva" sua reunião de segunda-feira em Luxemburgo com o primeiro-ministro britânico Boris Johnson.
"Não compartilho a ideia dos que pensam que Johnson está brincando conosco e com ele mesmo. Acredito que está tentando buscar um acordo aceitável tanto para o Parlamento britânico como para o Parlamento Europeu", completou Juncker.
O presidente da Comissão Europeia comentou que não ficou surpreso com o resultado do referendo sobre o Brexit de 2016.
"Se você passa 40 ou 45 anos afirmando às pessoas que a união política é uma estupidez federalista e que basta ter um mercado comum, é normal que uma parte da população acabe acreditando nisso. A isso foi adicionada uma campanha de mentiras e 'fake' news'. Na Comissão, decidimos não intervir, a pedido de David Cameron (primeiro-ministro britânico de 2010 a 2016), e foi um grande erro", admitiu Juncker.
Questionado sobre a crise na Catalunha, Juncker respondeu que prefere "não comentar os procedimentos judiciais em curso na Espanha", onde a justiça deve pronunciar em breve a sentença contra os líderes independentistas julgados por sua tentativa frustrada de secessão em 2017.
"Não sou favorável a um nacionalismo estúpido, porque não leva a lugar nenhum", declarou o dirigente europeu, ao mesmo tempo que disse que este "não é um comentário contra a Catalunha".
"A Europa é um continente pequeno, que está perdendo importância econômica e demográfica. Este não é o momento de reagrupamentos nacionalistas, e sim de unir os povos", concluiu o presidente da Comissão Europeia.