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Líder catalão sofre pressão para desistir de independência

Espanha teme que o Parlamento catalão vote pela independência na terça-feira, após um referendo realizado em 1º de outubro

Carles Puigdemont: líder catalão deve discursar à Assembleia na esteira do referendo de 1º de outubro (Juan Medina/Reuters)

Carles Puigdemont: líder catalão deve discursar à Assembleia na esteira do referendo de 1º de outubro (Juan Medina/Reuters)

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Reuters

Publicado em 9 de outubro de 2017 às 11h16.

Barcelona / Madri - O líder da Catalunha, Carles Puigdemont, passou a sofrer pressão intensa nesta segunda-feira para desistir dos planos de declarar independência depois que centenas de milhares de manifestantes contrários à separação da região do restante da Espanha foram às ruas no fim de semana para protestar contra a secessão.

A Espanha teme que o Parlamento catalão vote pela independência na terça-feira, quando Puigdemont deve discursar à Assembleia na esteira do referendo de 1º de outubro, no qual as autoridades catalãs disseram que a maioria da população votou a favor da independência

Pela lei do referendo da Catalunha, que Madri considerou inconstitucional, uma votação a favor da independência na terça-feira iniciaria um processo de seis meses que contemplaria conversas com a Espanha sobre a divisão antes de eleições regionais e um ato final de separação.

Mas o governo espanhol, estimulado pelos protestos de domingo em Barcelona, a capital catalã, deixou claro nesta segunda-feira que reagirá imediatamente a qualquer votação deste tipo.

"Estou pedindo às pessoas sensatas do governo catalão... não saltem do precipício porque levarão as pessoas com vocês", disse a vice-primeira-ministra espanhola, Soraya Sáenz de Santamaría, em uma entrevista à rádio Cope.

"Se houver uma declaração unilateral de independência, serão tomadas decisões para restaurar a lei e a democracia".

O premiê espanhol, Mariano Rajoy, não descartou destituir o governo da Catalunha e convocar eleições regionais se a região reivindicar a independência.

As apostas são altas, uma vez que a Espanha enfrenta sua maior crise política desde que voltou a ser uma democracia quatro décadas atrás.

Perder a Catalunha, que tem língua e cultura próprias, privaria a Espanha de um quinto de sua produção econômica e mais de um quarto de suas exportações. Diversas empresas e bancos sediados em solo catalão já transferiram suas bases legais para outras regiões.

A crise também ressuscitou divisões antigas em uma nação na qual o fascismo é uma lembrança viva que vem à tona facilmente diante de demonstrações contundentes do nacionalismo.

A União Europeia tampouco mostrou interesse em uma Catalunha independente, apesar de Puigdemont ter pedido uma mediação de Bruxelas para a crise.

A França, que faz fronteira com a região, disse nesta segunda-feira que não reconheceria uma declaração unilateral de independência.

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