O ditador Muamar Kadhafi, há 42 anos no poder: dissidentes combatidos com violência (AFP/Arquivo Filippo Monteforte)
Da Redação
Publicado em 22 de fevereiro de 2011 às 23h19.
Trípoli- Em um inflamado discurso transmitido pela televisão, o coronel Muamar Kadhafi, há 42 anos no poder, disse que lutará até a morte e prometeu a pena de morte para manifestantes armados.
Seguem os principais acontecimentos registrados durante a última semana:
- 15/16 de fevereiro: a polícia dispersa manifestação contra o governo em Benghazi, a segunda cidade do país e baluarte dos opositores ao regime, a 1.000 km a leste de Trípoli. Pelo menos 38 pessoas ficam feridas.
- 17: seis pessoas morrem em confrontos em Benghazi e duas em Al-Baida.
- 18: Mais de 40 mortos nos enfrentamentos, no leste do país, sobretudo em Benghazi. Em Al-Baida, dois policiais que tentam dispersar manifestação são capturados por manifestantes e enforcados.
Desde quarta-feira são realizados comícios e passeatas a favor do regime, na capital. O coronel Kadhafi aparece rapidamente em meio à multidão, à noite.
A rede de socialização Facebook já não é acessível e as conexões à internet sofrem fortes perturbações.
- 19: Em Benghazi, pelo menos 12 pessoas perdem a vida, quando o exército tenta dispersar com balas reais os manifestantes que atacavam um quartel.
- 20: os protestos parecem transformar-se em insurreição no leste do país. Em Benghazi, morrem 60 pessoas.
Saif al Islam reconheceu que o país está à beira da guerra civil
As autoridades anunciam a detenção de dezenas de cidadãos árabes pertencentes a uma rede encarregada de desestabilizar o país.
As sedes de un canal de televisão e de uma rádio públicas são saqueadas por manifestantes, e incendiados vários postos policiais e locais de reunião dos comitês revolucionários.
Como todos os dias da semana, os partidários do regime desfilam pela capital. À noite, foram registrados confrontos na Praça Verde.
Durante discurso transmitido pela televisão, Saif al Islam, filho do coronel Kadhafi, reconhece que o país está à beira da guerra civil e adverte para o risco de um massacre.
De acordo com Al Islam, a Líbia é alvo de uma conspiração de elementos líbios e estrangeiros, para destruir a unidade do país e instaurar uma república islamita.
- 21: Human Rights Watch (HRW) assinala mais de 233 mortos e a Federação Internacional de Direitos Humanos (FIDH), entre 300 e 400 mortos.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse ao dirigente líbio, em telefonema, que a violência contra os manifestantes deve "cessar de imediato".
Muitas empresas estrangeiras, como as franceses Total e Vinci e a italiana ENI, anunciam a retirada de seus empregados.
Os Estados Unidos ordenam a repatriação de seu pessoal diplomático "não essencial".
Saif al Islam anuncia a criação de uma comissão de investigação sobre a violência.
Várias cidades, entre elas Benghazi, estão nas mãos dos manifestantes após deserções do exército (FIDH).
Funcionários de alto escalão líbios (ministros, diplomatas) abandonam o regime.
Bombardeios aéreos sangrentos em Trípoli contra civis, denuncia a cadeia de televisão Al-Jazeera.
Durante a noite, breve aparição televisionada de Kadhafi para desmentir rumores de uma fuga à Venezuela.
- 22: A violência em Trípoli prossegue, com mais mortos . Mercenários procedentes do Chade ou da Nigéria disparam contra a população, segundo testemunhas.
Vários países evacuam seus cidadãos.
A ONU exige a abertura de uma "investigação internacional independente" sobre a violência, mencionando "crimes contra a humanidade".
A Organização da Conferência Islâmica (OCI), Irã, Qatar e o Hamas condenam firmemente a violência.
Gráfico animado sobre a Líbia, com geografia, economia, política e história do país.
©AFPiactiv
Milhares de trabalhadores tunisianos e egípcios, acusados por Saif al Islam de participar de um complô contra a Líbia, fogem do país.
O aeroporto de Benghazi é bombardeado, segundo o ministro egípcio das Relações Exteriores.
Em um discurso inflamado transmitido pela televisão, o coronel Kadhafi garante que lutará até a morte, convoca seus partidários a se manifestar junto ao exército e à polícia e promete a pena de morte para os manifestantes armados.