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Líbia: Kadafi usa alta do petróleo como ameaça

Ditador disse que pode substituir as empresas ocidentais que deixaram o país por companhias de Índia e China e avisou que está disposto a morrer para proteger o petróleo

Os preços do petróleo seguem em alta após as ameaças de Kadafi (Mahmud Turkia/AFP)

Os preços do petróleo seguem em alta após as ameaças de Kadafi (Mahmud Turkia/AFP)

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Da Redação

Publicado em 2 de março de 2011 às 16h40.

Trípoli - O líder líbio Muamar Kadafi brandiu nesta quarta-feira a ameaça do petróleo, pelo qual - afirmou - o país está disposto a "morrer", e advertiu as empresas ocidentais que deixaram a Líbia que pode substituí-las por companhias da Índia ou China.

"Morreremos todos para defender o petróleo, e aqueles que ameaçam nosso petróleo devem compreender isso", disse Kadafi em um novo discurso durante uma cerimônia pública em Trípoli.

Kadafi reconheceu que a produção da Líbia encontra-se em seu nível "mais baixo" pela saída do país dos funcionários estrangeiros das companhias de petróleo, após o início da revolta nesta nação norte-africana no dia 15 de fevereiro.

"A produção petrolífera está atualmente" em seu nível "mais baixo", assegurou. "Os campos e os portos estão seguros, mas são as companhias de petróleo que têm medo", acrescentou.

A maioria das empresas estrangeiras presentes no país suspenderam total ou parcialmente sua produção de petróleo no país e evacuaram seu pessoal.

"Estamos dispostos a trazer as companhias indianas ou chinesas para o lugar das empresas ocidentais", ameaçou o líder líbio.

A Líbia, membro da Organização de Países Exportadores de Petróleo (Opep) exporta normalmente 1,49 milhão de barris diários, a maior parte (85%) para a Europa, segundo a Agência Internacional de Energia (AIE).

A Agência Internacional de Energia (AIE) revisou nesta quarta-feira em alta suas estimativas sobre as perdas de produção na Líbia. Segundo esta agência, entre 850 mil e um milhão de barris de petróleo líbio por dia deixaram de estar disponíveis.

Neste contexto, os preços do petróleo subiam nesta quarta-feira em Nova York, não muito longe de seus níveis mais altos da semana passada, sempre sob o influxo dos acontecimentos na Líbia.

O barril de West Texas Intermediate (designação do "light sweet crude" negociado nos EUA) para entrega em abril era negociado nesta quarta-feira a mais de 100 dólares. Em Londres, o Brent do mar do Norte valia mais de 115 dólares o barril durante o pregão.

"O mercado está extremamente nervoso e o preço continua subindo", constatou Tom Bentz, da BNP Paribas.

A última carga de petróleo que deixou a região produtora do leste da Líbia saiu no dia 19 de fevereiro. Várias regiões do leste do país estão nas mãos da oposição.

No entanto, o diretor da AIE, Nobuo Tanaki, garantiu nesta quarta-feira que a Arábia Saudita, principal exportadora de petróleo mundial e país líder da Opep, é capaz de compensar qualquer escassez no mercado global provocada pelos distúrbios na Líbia.

A Arábia Saudita "pode compensar qualquer falta" de petróleo. "Inclusive se a Líbia parar totalmente com suas exportações (...) a Arábia Saudita pode compensar ou garantir um complemento ante a demanda de petróleo", garantiu Tanaki.

Já a própria Arábia Saudita assegurou na segunda-feira estar disposta a garantir a estabilidade do mercado, após a queda da produção na Líbia.

Em um comunicado, o governo reiterou sua "política constante de garantir a estabilidade do mercado e de manter o fornecimento", após uma reunião do conselho de ministros saudita que examinou os acontecimentos na Líbia e "sua repercussão na produção petroleira".

Os especialistas não temem, por isso, uma crise a médio prazo na oferta mundial de petróleo.

"Vamos assistir a curto prazo a uma alta dos preços, mas a Opep foi muito clara sobre a forma como atuará" para estabilizar o mercado, disse nesta quarta-feira em Paris o diretor-geral do grupo Royal Dutch Shell, Peter Voser.

"A Arábia Saudita e outros produtores importantes farão o necessário para que o mundo siga suficientemente abastecido" de petróleo, acrescentou.

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