Muammar Kadafi, ditador da Líbia: bens do seu governo podem ser congelados (Giorgio Cosulich/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 24 de fevereiro de 2011 às 10h41.
Londres - O misterioso fundo soberano do governo líbio tem 32 bilhões de dólares depositados em vários bancos dos EUA, distribuídos em contas com até 500 milhões de dólares cada, além de investimentos em Londres, segundo comunicações diplomáticas norte-americanas divulgadas pelo WikiLeaks.
O documento reflete um encontro realizado em janeiro entre o chefe da Autoridade Líbia de Investimentos (ALI) e o embaixador dos EUA em Trípoli.
A divulgação ocorre num momento em que os governos dos Estados Unidos e da Europa cogitam congelar bens do governo líbio, por causa da repressão a manifestantes contrários ao líder líbio, Muammar Kadafi.
A ALI controla os fundos soberanos em que são depositados os dividendos petrolíferos da Líbia. Estima-se que administre cerca de 70 bilhões de dólares, e que isso inclua ações europeias valorizadas, como do banco italiano UniCredit e do grupo editorial britânico Pearson.
Na reunião de 20 de janeiro, Mohamed Layas, diretor da ALI, disse ao embaixador dos EUA que o fundo operava com alta liquidez e não estava preocupado com a volatilidade do mercado petrolífero. "Temos 32 bilhões de dólares em liquidez, a maioria em depósitos bancários que nos dão bons dividendos em longo prazo", disse Layas na reunião em seu gabinete, com vista para o mar Mediterrâneo, segundo o documento veiculado pelo site WikiLeaks.
"Ele explicou que vários bancos americanos estão gerenciando, cada um, entre 300 a 500 milhões de dólares em fundos da ALI (...). Ele afirmou que os investimentos primários são em Londres, em bancos e em imóveis residenciais e comerciais", diz o despacho diplomático.
A ALI é um dos fundos soberanos menos transparentes do mundo, fortemente ligado ao governo. Num raro relatório anual em 2009, informou possuir mais de 78 por cento do seu patrimônio em "instrumentos financeiros de curto prazo no exterior".
Layas disse que a ALI prefere atuar em Londres, em vez dos EUA, por causa da facilidade para fazer negócios e do sistema tributário relativamente simples, segundo os documentos.