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Líbia dá ultimato de 48 horas para que milícias se dissolvam

O presidente do Conselho Geral Nacional da Líbia advertiu que o Exército está preparado para usar a força contra quem não acatar a nova normativa


	A revolta popular contra a ditadura de Kadafi pôs no campo de batalha dezenas de grupos armados de toda ideologia
 (Karim Sahib/AFP)

A revolta popular contra a ditadura de Kadafi pôs no campo de batalha dezenas de grupos armados de toda ideologia (Karim Sahib/AFP)

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Da Redação

Publicado em 23 de setembro de 2012 às 15h07.

Trípoli, 23 set (EFE).- O presidente do Conselho Geral Nacional da Líbia, Mohamad el Meguerif, deu neste domingo um prazo de 48 horas para que as milícias não associadas às forças regulares abandonem os quartéis, edifícios estatais e propriedades do antigo regime e se dissolvam.

O aviso chega dois dias depois que milhares de pessoas se manifestaram em Benghazi, capital econômica do país, contra a presença de armas nas ruas e em favor do fortalecimento das forças de segurança do Estado.

À margem da mesma, vários grupos invadiram os quartéis nos quais se refugiavam as milícias radicais Mártires de Abu Salim e Ansar al Sharia (Defensores da Lei Islâmica) e a delegacia na qual tinha seu centro operacional a milícia Zalz.

Esses grupos também tomaram o posto de controle que homens armados da Ansar al Sharia mantinham no Hospital Al Yalaa, antes de instar a polícia a retomar a autoridade sobre estes locais.

Nos incidentes posteriores, pelo menos 11 pessoas morreram e cerca de 70 ficaram feridas quando os milicianos abriram fogo contra os invasores.

Neste ambiente, Meguerif reiterou que o objetivo final é desarmar todos aqueles grupos que atuam de forma autônoma desde que, em setembro de 2011, triunfou a revolta popular contra o falecido ditador líbio Muammar Kadafi.

'Decidimos dissolver todas as brigadas e grupos armados que não estão sob a autoridade do Estado e criar um centro de operações em Benghazi para reagrupar as Forças Armadas, as forças do Ministério do Interior e as brigadas que dependem do Ministério da Defesa', explicou Meguerif.

Neste sentido, o dirigente ressaltou que a nova direção também proíbe 'o uso da violência e o porte de armas em espaços públicos'.

'Igualmente é ilegal montar postos de controle. Demos as instruções oportunas às agências do governo para que estas diretrizes sejam implementadas', acrescentou.

Meguerif lembrou, a este respeito, que todas aquelas milícias que já tenham decidido abandonar as armas e incorporar-se às forças de segurança, mas que ainda atuam à margem da legalidade, devem apresentar-se nos escritórios do Ministério da Defesa o mais rápido possível.

Na mesma linha se pronunciou o chefe do Estado-Maior do Exército líbio, general Youssef al Menguch, que voltou a dizer que os que estejam dispostos a alistar-se deverão fazê-lo 'pessoalmente, e não como grupo'.


Além disso, advertiu que o Exército está preparado para usar a força contra quem não acatar a nova normativa.

Youssef al Yihani, porta-voz da Ansar al Sharia, uma das milícias obrigadas a dissolver-se, declarou à Efe que sua intenção é não criar problemas. 'Pedimos a nossos homens que não enfrentem os manifestantes e que, caso estes entrem, abandonem os locais', sustentou.

A Ansar al Sharia, grupo de ideologia islamita radical, foi responsabilizada pelo ataque ao consulado dos Estados Unidos em Benghazi, no qual há dez dias morreu o embaixador americano na Líbia, Chris Stevens, e outros três funcionários.

Al Yihani destacou, além disso, que a decisão das autoridades de dissolver as milícias não significará seu desaparecimento já que seguirão com sua atividade através da sociedade civil e 'não nos poderão impedir fazê-lo'.

A revolta popular que aconteceu em abril de 2011 em Benghazi contra os 42 anos de ditadura de Kadafi pôs no campo de batalha dezenas de grupos armados de toda ideologia unidos pela oposição ao tirano.

A queda do regime e o colapso de suas forças de segurança seis meses depois deixaram os arsenais do regime sem controle, à mercê dessas milícias

Nos primeiros dias de transição, organizações como a Human Rights Watch já haviam advertido que a abundância de armas no terreno e a falta de disciplina nacional de algumas delas era um das principais ameaças para o futuro do país.

Um dos últimos incidentes armados relacionados com este problema aconteceu na sexta-feira passada, dia no qual 19 membros das forças de segurança morreram quando tentavam praticar uma detenção na cidade de Braq Echati, situada cerca de 650 quilômetros ao sul de Trípoli.

As autoridades líbias, por sua parte, anunciaram sua intenção de empreender uma vasta operação para recuperar armas antes do dia 28 de setembro, data prevista a formação do novo governo. EFE

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