Líbia: "a situação continua sendo imprevisível", indicou um diplomata em Benghazi (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 17 de fevereiro de 2013 às 13h53.
São Paulo - A Líbia celebra neste domingo o segundo aniversário da revolta popular que derrubou em 2011 o regime de Muanmar Kadhafi, em um ambiente de preocupação por medo de eventuais atos de violência em um país dominado pela insegurança.
Desde sexta-feira, os fogos de artifício e as canções revolucionárias marcam as celebrações, organizadas em todas as cidades do país.
"A alegria que animou os líbios nas cidades e aldeias nos dias 15 e 16 de fevereiro permitiu que os líbios provassem ao mundo que são um povo civilizado, que se revoltou contra a injustiça e a tirania e ganhou a liberdade", declarou no sábado o primeiro-ministro, Ali Zeidan.
O momento crucial das comemorações será um comício neste domingo na Praça Tahrir de Benghazi, bastião da revolução, na presença de Mohamed al-Megaryef, presidente da Asembleia Nacional, a principal autoridade do país, e de vários membros do governo.
Por motivos de segurança, a hora do comício não foi comunicada com antecedência, o que explica as poucas pessoas presentes na praça, que neste domingo recebia menos de mil pessoas.
Os serviços de segurança, o exército e os ex-insurgentes foram mobilizados para garantir a segurança nas cidades líbias, onde diversos postos de controle foram levantados, e o governo fechou a fronteira terrestre por quatro dias. Vários voos internacionais também foram suspensos.
No entanto, apesar das severas medidas instauradas pelas autoridades, "a situação continua sendo imprevisível", indicou à AFP um diplomata em Benghazi.
"Estamos tomando todas as precauções. Nunca se sabe o que pode ocorrer", disse o diplomata, que pediu para não ser identificado.
-- Corrigir o processo da revolução --
Em Benghazi, o espontâneo ambiente festivo não impediu que os manifestantes criticassem as novas autoridades, pedindo, sobretudo, que "corrijam o processo revolucionário" e exigindo uma maior descentralização do poder.
Segundo os manifestantes, as novas autoridades não fizeram progressos na busca dos "objetivos da revolução". Segundo eles, o novo regime demorou em ativar a justiça, em dar um novo impulso à economia e em progredir na redação de uma Constituição que deveria definir o futuro político do país.
O militante a favor dos direitos humanos Naser Huari lamentou que "a democracia, exigida pelos líbios, ainda seja um objetivo longínquo" e se queixou de que "nada foi feito para alcançar a justiça social".
Huari opinou que "as milícias armadas (controlavam) os organismos do Estado e se converteram em uma parte do processo da tomada de decisões", o que, a seu ver, representa "o maior perigo enfrentado pelo país.
As autoridades são acusadas de terem fracassado até agora na tarefa de impor sua autoridade diante das milícias armadas e de formar um exército e serviços de segurança profissionais unificados.
Os "thowar" (revolucionários), organizados em milícias e que combateram as forças de Muanmar Khadafi até a morte do ex-líder, em 20 de outubro de 2011, são considerados responsáveis pela insegurança que impera e um obstáculo para o processo de reconstrução do Estado.