Muammar Kadafi: chanceler líbio considera "estranho" que ONU autorize força militar (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 18 de março de 2011 às 11h12.
Argel - A Líbia declarou um cessar-fogo imediato de acordo com a resolução aprovada na noite desta quinta-feira pelo Conselho de Segurança (CS) da ONU, anunciou o ministro de Exteriores líbio, Moussa Kusa, em uma declaração à imprensa em Trípoli retransmitida pela televisão estatal.
"Após ter visto a resolução, e tomando em consideração que a Líbia é um membro pleno da ONU, aceitamos a decisão do Conselho de Segurança", afirmou o ministro.
E acrescentou que por isso, o regime líbio decidiu "um imediato cessar-fogo e a cessação de todas as operações militares".
O ministro expressou a "tristeza" de seu Governo com que a resolução inclua operações contra a Líbia como o estabelecimento de uma zona de exclusão aérea, que inclui voos comerciais e civis.
"Isto aumentará o sofrimento dos líbios e terá um impacto negativo em sua vida geral", disse, destacando que a comunidade internacional "deveria ter eximido os civis da resolução para assegurar sua qualidade de vida".
Também ressaltou que "o total e completo congelamento de todos os recursos e investimentos líbios" terá um impacto "muito negativo" e na capacidade do país para cumprir seus contratos locais e internacionais.
Kusa considerou "muito estranho" que a ONU permita em sua resolução o emprego da força militar contra a Líbia e assinalou que "há sinais" que essa ação "poderia ser efetivamente realizada".
"Isto vai claramente contra da Carta das Nações Unidas e é uma violação da soberania nacional da Líbia", afirmou.
Além disso, insistiu no pedido a "todos" os Governos, ONG's e outras organizações internacionais para que "comprovem os fatos no terreno, enviando missões de investigação para que possam tomar a decisão adequada".
O ministro destacou que a Líbia tem "grande interesse em proteger todos os civis", assim como em oferecer-lhes "toda a ajuda humanitária necessária, respeitando todos os direitos humanos e cumprindo as leis internacionais e humanitárias".
"Também é obrigada a proteger todos os estrangeiros na Líbia e seus recursos", disse e acrescentou que, fazendo isto, seu país atua "em consonância" com as resoluções do CS e os artigos da Carta das Nações Unidas.
Kusa assegurou que deste modo "todos os canais de diálogo estão abertos com quem esteja interessado na unidade territorial da Líbia".
"Meu país é muito sério em relação à continuação do desenvolvimento econômico, político, humanitário e social da nação", afirmou.
Neste sentido, ressaltou que foram dados "passos sérios" para prosseguir esse desenvolvimento "pelo bem do povo líbio" e que essa ação "levará o país à segurança para todos seus cidadãos".