Desde o início da rebelião contra Kadafi, em 15 de fevereiro, o conflito deixou entre "10.000 e 15.000 mortos" (Joseph Eid/AFP)
Da Redação
Publicado em 20 de junho de 2011 às 15h58.
Sorman - A Otan efetuou, esta segunda-feira, um ataque aéreo na cidade líbia de Sorman, a oeste de Trípoli, deixando 15 mortos, segundo fontes do regime de Muamar Kadafi.
Segundo um encarregado do regime, o ataque teve como alvo a residência de um antigo companheiro de armas de Kadafi em Sorman, 70 km a oeste da capital, Trípoli.
Ele informou que a residência foi "atingida por oito mísseis" durante um ataque aéreo por volta das 04H00 da madrugada (23h00 de domingo, hora de Brasília).
O porta-voz do regime líbio, Musa Ibrahim, presente no local dos fatos, afirmou que o bombardeio "deixou 15 mortos, entre eles três crianças" e denunciou "um ato terrorista e covarde, que não pode ser justificado".
Um jornalista da AFP viu vários edifícios destroçados, ao ser levado ao local junto com outros correspondentes estrangeiros.
Depois, foi levado ao hospital de Sabratha, a 10 km de Sorman, onde viu nove cadáveres inteiros, entre eles os de duas crianças, e pedaços de outros, inclusive o de um menino.
A casa pertence a Khuwildi Hemidi, que fazia parte do conselho de comando da revolução de 1969 que levou Kadafi ao poder.
Segundo Musa Ibrahim, a maioria das vítimas é de familiares de Hemidi, incluindo dois netos, e vizinhos.
No entanto, Hemidi escapou são e salvo porque no momento do ataque estava em um edifício que só foi danificado parcialmente.
Após desmentir inicialmente, a Otan retificou e reconheceu na tarde de segunda-feira ter realizado um ataque aéreo em Sorman.
A Aliança Atlântica anunciou, em declaração, que seus aviões realizaram um ataque de precisão "contra um centro de comando e controle de alto nível" na região de Sorman, durante as primeiras horas de segunda-feira.
"Este bombardeio vai reduzir consideravelmente a capacidade das forças do regime de Kadafi para continuar com seus ataques bárbaros contra o povo líbio", disse o comandante da operação "Protetor Unificado", o general canadense Charles Bouchard.
Uma autoridade da Otan informou à AFP que a Aliança está "a par" das afirmações do regime sobre as vítimas, mas acrescentou que a Organização não dispõe de meios para confirmar o balanço do governo líbio.
Anteriormente, a Aliança havia reconhecido dois ataques equivocados na Líbia.
Na tarde de domingo, admitiu ter matado por engano civis em um ataque noturno a Trípoli. Nove pessoas morreram, entre elas cinco membros de uma mesma família.
"O objetivo previsto dos ataques aéreos a Trípoli na noite passada era um depósito militar de mísseis. Parece que uma arma não atingiu o alvo previsto e que pode ter havido um erro no sistema, o que causou certo número de vítimas civis", informou a Otan no comunicado.
"A Otan lamenta a perda de vidas de civis inocentes", assegurou por sua vez o comandante da operação, o tenente-general Charles Bouchard.
No sábado, a Aliança reconheceu, ainda, ter atacado acidentalmente uma coluna de veículos rebeldes na região de Brega (leste), em 16 de junho.
Sob mandato da ONU, a coalizão internacional iniciou uma intervenção aérea em 19 de março na Líbia para protefer os civis da repressão do regime de Muamar Kadafi contra um movimento opositor sem precedentes.
Em 31 de março, a Otan assumiu o comando das operações.
Desde o início da rebelião contra Kadafi, em 15 de fevereiro, o conflito deixou entre "10.000 e 15.000 mortos" e obrigado 952.000 pessoas a fugir, segundo organizações internacionais.