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Liberdade de brasileiro-palestino em greve de fome é incerta

Pena do rapaz preso desde 2010 terminou em 2013, mas a Palestina justifica que ele ainda não foi liberado pois poderia voltar a ser preso, dessa vez por Israel


	Segundo a Autoridade Palestina, atualmente cerca de 6 mil palestinos estão em prisões israelenses
 (Musa al-Shaer/AFP)

Segundo a Autoridade Palestina, atualmente cerca de 6 mil palestinos estão em prisões israelenses (Musa al-Shaer/AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de junho de 2015 às 16h34.

São Paulo - Ainda não há previsão de data para a libertação do brasileiro-palestino Islam Hamed, de 30 anos, que está preso na cidade de Nablus, na Palestina. Ele está em greve de fome desde o dia 11 de abril.

Segundo a prima do rapaz, Aline Baker, Islam caminha com dificuldade e a família não teve acesso aos exames médicos realizados pelo governo palestino.

De acordo com Aline, a Embaixada da Palestina havia prometido libertar Islan até ontem (2), o que não ocorreu. “Não é primeira vez que isso acontece”, reclamou.

Islam está preso desde 2010, mas sua pena terminou em setembro de 2013. Segundo a Autoridade Palestina, a justificativa para mantê-lo na cadeia é que, uma vez fora da prisão, ele poderia voltar a ser preso, dessa vez por Israel, com quem Islam teria “pendências” a resolver.

Como todos os deslocamentos, seja dentro do território palestino, seja para cruzar as fronteiras do país dependem de autorização de Israel, a solução passa pelas autoridades israelenses.

A condição colocada pela Autoridade Palestina para que Islam deixe a prisão é que a família ou o governo brasileiro se responsabilize por sua segurança.

A família tem se recusado a assinar o documento, porque diz não ter condições de garantir a proteção que deveria vir do Estado.

Islam cresceu em um vilarejo de Ramala, em uma família de agricultores. Acompanhou durante a infância o avanço da ocupação israelense no território palestino.

Tinha oito anos quando foi assinado o Acordo de Paz de Oslo, em 1993, que proibia novos assentamentos israelenses em território palestino. De lá para cá, o número de colonos israelenses na Palestina mais do que triplicou.

Quando Islam tinha 15 anos, testemunhou a segunda intifada – levante popular marcado pela violência e que durou de 2000 a 2005. Foi durante esse processo que ele foi preso a primeira vez, aos 17 anos, acusado de atirar pedras em soldados israelenses.

Passou cinco anos detido em um presídio de Israel. A prisão de palestinos em protestos políticos é comum na região. Segundo a Autoridade Palestina, atualmente cerca de 6 mil palestinos estão em prisões israelenses.

Islam cumpriu a pena e ficou nove meses em liberdade. Nesse intervalo, fez um curso de eletricista, tirou carteira de motorista e começou a namorar. Logo em seguida, voltou a ser detido.

Dessa vez, na chamada detenção administrativa, tipo de prisão preventiva em que, apesar de não haver acusações concretas, as pessoas podem ser presas por oferecerem risco à segurança, segundo avaliação de Israel. Prorrogada a cada três meses, ele foi mantido preso por mais dois anos.

Depois da segunda detenção, Islam Hamed, passou pouco mais de 9 meses em liberdade. Casou-se e chegou a tentar, por duas vezes, a mudança para o Brasil. Mas não teve a autorização de Israel para deixar a Palestina.

Voltou ao movimento de resistência, assumiu a bandeira em defesa dos presos palestinos e se aproximou do Hamas, partido político com maioria dos assentos no Parlamento, considerado grupo terrorista por Israel e outros países.

Em setembro de 2010, Islam foi condenado a três anos de prisão, dessa vez pelo governo palestino. Teve um filho enquanto estava preso, Khattab Hamed, hoje com 3 anos, que ainda não chegou a conviver com o pai, exceto nas raras visitas ao presídio.

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