Em 24 de fevereiro, Bento XVI manifestou ao presidente do Líbano a necessidade de se "resolver os conflitos que ainda estão abertos na região" (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 15 de setembro de 2012 às 12h33.
Beirute - O papa Bento 16 fez neste sábado um chamado ao Líbano, país com população de várias crenças religiosas, para que seja um modelo de paz e coexistência religiosa no Oriente Médio, que ele definiu como uma região turbulenta que "parece suportar intermináveis dores do parto".</p>
No segundo dia de uma visita ofuscada pela guerra na vizinha Síria e protestos no mundo muçulmano, o papa disse em um encontro de líderes políticos, culturais e religiosos do Líbano que a liberdade religiosa é um direito básico de todas as pessoas.
A Cristandade e o Islã coexistiram por séculos no Líbano, disse ele, algumas vezes dentro de uma mesma família. "Se isso é possível dentro de uma família, por que não deveria ser possível ao nível de toda a sociedade?", perguntou.
"O Líbano é convocado agora mais do que nunca a ser um exemplo", afirmou, convidando as pessoas a "testemunhar com coragem, oportuna e inoportunamente, onde quer que se encontrem, que Deus quer a paz, que Deus confiou a paz em a nós".
Dilacerado por uma guerra civil sectária entre 1975 e 1990, o Líbano é um mosaico religioso de 4 milhões de pessoas, cuja maioria é muçulmana e inclui sunitas, xiitas e alauítas. Os cristãos, cerca de um terço da população, estão divididos em mais de uma dezenas de igrejas, seis delas ligadas ao Vaticano.
O pontífice alemão, de 85 anos, discursou em francês no palácio presidencial depois de reunir-se com o presidente Michel Suleiman, cristão maronita, o primeiro-ministro Najib Mikati, sunita, e o presidente do Parlamento, Nabih Berri, xiita.
Diante do palácio, o muçulmano Amira Chabchoul, que acompanhava a visita, disse: "Viemos para dar apoio ao papa e também obter apoio dele, porque nossa experiência tem sido a de que quando o ouvimos, somos tocados e ajudados em nossas vidas".
Na sexta-feira, centenas de pessoas protestaram em Trípoli, cidade do Líbano, contra um filme anti-islâmico e entraram em choque com as forças de segurança. Um manifestante foi morto e outro, ferido. A multidão gritava slogans como "Nós não queremos o papa" e "Chega de insultos (ao Islã)".