Li Auto destaca a força da cadeia de suprimentos local e abre novas fronteiras para a indústria automotiva chinesa (Shutterstock/Divulgação)
Agência
Publicado em 16 de outubro de 2024 às 15h49.
A Li Auto se tornou a primeira startup chinesa de veículos elétricos a produzir um milhão de carros. O milionésimo veículo saiu da linha de montagem da fábrica da marca, em Changzhou.
A série L da Li Auto utiliza cerca de 60% de seus componentes de fornecedores locais, e a expectativa é que esse número chegue a 70% até 2026. Isso contribuirá para o desenvolvimento da cadeia automotiva da província de Jiangsu, no leste da China, segundo Li Xiang, presidente e CEO da montadora de Pequim.
O crescimento da cadeia de suprimentos chinesa foi um fator-chave para o sucesso da Li Auto. Anteriormente, a maioria das empresas de autopeças chinesas se concentrava na produção de peças não essenciais, como pneus, rodas e interiores. Nos últimos anos, houve avanços significativos, quebrando o monopólio de fabricantes estrangeiros.
Um exemplo é a Baolong Automotive, fornecedora de molas pneumáticas, que começou a produção em massa de molas de câmara única em 2022, eliminando a dependência de importações de produtores estrangeiros, como o grupo alemão ZF. Este ano, a empresa passou a produzir molas de câmara dupla, desafiando a velocidade de adaptação dos fabricantes internacionais, segundo Zhang Zuqiu, presidente da Baolong.
A Baolong recentemente fechou um contrato de fornecimento no valor de 240 milhões de yuans (US$ 33,7 milhões) com uma montadora europeia renomada. O acordo inclui o fornecimento de molas pneumáticas dianteiras e traseiras para o sistema de suspensão a ar de uma nova plataforma, com produção prevista para 2027 e um ciclo de vida de sete anos.
Além disso, a Baolong está em negociações com marcas de luxo como Mercedes-Benz, BMW e Audi, com planos de expansão global, incluindo fábricas na Europa.
A Li Auto também mantém parcerias com a Bethel Automotive Safety Systems, fabricante chinesa de sistemas de frenagem. A Bethel desenvolveu um sistema de freio eletrônico em apenas 11 meses, muito mais rápido que os três anos necessários para desenvolvimentos semelhantes por empresas estrangeiras.
“Uma fábrica chinesa pode desenvolver um novo sistema em até 18 meses, enquanto clientes estrangeiros normalmente levam três anos”, destacou Yuan Yongbin, presidente da Bethel.
A empresa está envolvida em cerca de 150 projetos, comparando-se em volume com a alemã Bosch, mas ainda com uma produção inferior.
Em 2020, a Li Auto investiu 400 milhões de yuans (US$ 56,2 milhões) em pesquisa, desenvolvimento e produção junto à fornecedora de baterias Sunwoda. Além disso, a Li Auto investiu centenas de milhões de yuans na Inovance Automotive, uma fabricante de motores, para fortalecer a inovação tecnológica e a qualidade da cadeia de suprimentos.
Essas parcerias com empresas como Xpeng e Xiaomi foram cruciais para o crescimento da Inovance nos últimos anos, afirmou Yang Ruicheng, vice-presidente da empresa.
O fortalecimento da cadeia de suprimentos e o investimento em inovação da Li Auto são lições valiosas para a indústria automotiva brasileira. Com o mercado global cada vez mais voltado para veículos elétricos e tecnologias limpas, a experiência da China pode servir de exemplo para o Brasil.