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Leste e sul ucraniano se perguntam se Rússia invadirá região

Após Crimeia, mídia russa começava a se referir a um amplo cinturão de terra no sul da Ucrânia como Novorossiya ou Nova Rússia

Um membro de uma unidade pró-Rússia de autodefesa profere um juramento no governo regional da Crimeia em Simferopol (Vasily Fedosenko/Reuters)

Um membro de uma unidade pró-Rússia de autodefesa profere um juramento no governo regional da Crimeia em Simferopol (Vasily Fedosenko/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 17 de março de 2014 às 18h23.

Moscou - Enquanto forças da Rússia assumiam o controle da Crimeia nas últimas semanas, a mídia russa começava a se referir a um amplo cinturão de terra no sul da Ucrânia como Novorossiya ou Nova Rússia.

A recuperação do nome da época czarista cai bem com os eleitores russos e remete a uma observação feira pelo presidente da Rússia, Vladimir Putin, em 2008, ao dizer aos líderes da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) que a área continha apenas "russos". Seis anos depois, os ucranianos temem que o comentário possa estar começando a parecer profético.

Num momento em que as Forças Armadas da Rússia realizam manobras de guerra perto da fronteira ucraniana e Moscou ameaça intervir para impedir a violência contra os russos na Ucrânia, muita gente teme que Putin não vá parar na Crimeia e possa tentar se apoderar de mais território no leste e sul do país.

Alguns russos sonham em anexar a maior parte do leste e sul da Ucrânia, cortando o país ao meio e estendendo o controle da Rússia até a fronteira da Transdnístria, uma região separatista na Moldávia, que tem forte identidade russa.

"É claro que as ações do Kremlin ... têm como objetivo a aquisição de todo esse pedaço de território até Transnistria e, é claro, as regiões orientais (da Ucrânia )", disse a comentarista política russa Yulia Latynina à rádio Ekho Moskvy.

Fazer isso significaria elevar drasticamente os riscos na maior disputa entre a Rússia e o Ocidente desde a Guerra Fria e aumentar o perigo de um conflito militar direto.

Apesar de tais sonhos lembrarem a meta do líder sérvio Slobodan Milosevic, de uma Grande Sérvia, antes das guerras balcânicas da década de 1990, muitos especialistas ocidentais veem tais ameaças em grande parte como encenação.


Eles sugerem que Putin talvez esteja tentando assustar o Ocidente para que o deixe com o controle da Crimeia, península do Mar Negro, na esperança de que ele não vá avançar em suas ambições.

"Putin seria louco em invadir a Ucrânia", disse um alto funcionário ocidental, acrescentando que seria mais provável que ele atue mais devagar, "fomentando a rebelião entre os russos étnicos", na esperança de a longo prazo ganhar o controle do território sem precisar lutar.

O Eurasia Group, uma instituição de consultoria e análise com sede nos Estados Unidos, disse que "a invasão russa continua a ser muito possível, mas se considerados todos os aspectos, improvável".

"Moscou continuará a buscar mais influência principalmente para desestabilizar leste da Ucrânia", assinalou.

Os planos da Rússia para o leste da Ucrânia são difíceis de se prever, mas, apesar de poucos no Ocidente acreditarem que um conflito militar seja provável, quase ninguém parece descartar a possibilidade.

CRIMEIA Moscou agiu bem depressa para trazer a Crimeia para seu domínio depois que o presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, apoiado pelo governo russo, foi destituído e fugiu de Kiev em 21 de fevereiro, depois de assinar um acordo com seus adversários para encerrar três meses de protestos contra o governo.

A mídia estatal russa traça um panorama terrível sobre a situação dos milhões de russos étnicos na Ucrânia, retratando o país como um Estado caótico e violento à beira do colapso, e sugerindo que a população de língua russa vive sob constante ameaça de ataque dos "neofascistas" - o modo como qualificam os grupos que assumiram o controle do governo em Kiev.

"O país está caindo aos pedaços", disse no seu programa semanal de domingo o apresentador Dmitry Kiselyov, premiado com uma medalha por Putin no mês passado por "serviços à pátria".

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