Os países do leste da África enviarão mais de 600 profissionais especializados para a África Ocidental para ajudar a combater a epidemia de ebola, enquanto as Nações Unidas pediram que as promessas internacionais de ajuda financeira e humana sejam transformadas em ação.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) anunciou que o Senegal não poderia ser mais considerado um país afetado pelo ebola, depois de o o único caso de contágio ter sido declarado curado.
O mesmo pode acontecer na segunda-feira com a Nigéria.
As Nações Unidas consideram que cerca de US$ 1 bilhão sejam necessários no combate eficaz contra a epidemia, que deixou mais de 4.500 mortos desde o começo do ano no oeste da África.
"Dezenas de países expressam sua solidariedade. Mas temos que transformar as promessas em ação. Precisamos de mais médicos, enfermeiros, materiais e centros de tratamento", destacou o secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon.
A ONU recebeu até agora 38,1% da ajuda requerida (US$ 377 milhões dos US$ 988 milhões solicitados), declarou na sexta-feira um porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA na sigla em inglês).
"É preciso adicionar 217 milhões de dólares prometidos, mas que ainda não entraram nas contas", destacou.
Um fundo especial da ONU chamado Trust Fund, criado para enfrentar esta emergência, dispõe apenas de 100.000 dólares dos US$ 20 milhões previstos. A quantia corresponde apenas à ajuda da Colômbia.
De acordo com o último balanço da OMS, 4.555 pessoas morreram de ebola de um total de 9.216 casos registrados em sete países (Libéria, Serra Leoa, Guiné, Nigéria, Senegal, Espanha e Estados Unidos).
Controles reforçados
A Comunidade do Leste da África (EAC, na sigla em inglês) decidiu enviar mais de 600 profissionais de saúde à África Ocidental, entre eles 41 médicos, que ajudarão a combater a epidemia, anunciou nesta sexta-feira o bloco que reúne cinco países da região (Quênia, Uganda, Ruanda, Tanzânia e Burundi).
Londres enviou a Serra Leoa um navio militar adaptado com um hospital, três helicópteros e 350 pessoas a bordo, que deveria chegar dentro de duas semanas a Freetown, enquanto a França anunciou que ajudaria os países africanos, especialmente a Guiné.
Após as críticas de autoridades americanas, Pequim defendeu sua ação no continente, onde está cada vez mais presente no âmbito econômico, e anunciou que enviará 12,7 milhões de euros (16,2 milhões de dólares) a mais para combater a epidemia.
Desde o começo do ano, a China ofereceu aos países do oeste da África 30 milhões de euros em ajuda de emergência e enviou 200 trabalhadores sanitários.
Diante da psicose que começa a tomar conta de alguns países ocidentais, o presidente americano, Barack Obama, tentou esclarecer a situação na quinta-feira.
"Não estamos em uma situação como a da gripe, em que os riscos de uma rápida propagação da doença são iminentes", disse Obama, lembrando que o ebola não é transmitido por via aérea e que uma pessoa só se torna infectante após desenvolver os sintomas, como dores de cabeça, febre e vômitos.
Nos Estados Unidos, duas das enfermeiras encarregadas de cuidar do liberiano Thomas Eric Duncan, o primeiro paciente diagnosticado em um hospital americano, também foram contaminadas com o vírus e permanecem em um centro especializado. Duncan morreu no dia 8 de outubro.
Uma técnica de laboratório de um hospital do Texas, que pode ter tido contato com os fluidos de Duncan, submeteu-se voluntariamente a uma quarentena em um transatlântico em Belize, embora tenha poucas chances de ter contraído a doença, anunciaram nesta sexta-feira o Departamento de Estado e o governo local.
Nesta sexta, o presidente Obama nomeou o procurador Ron Klain para coordenar a resposta americana à epidemia de ebola, em meio à ansiedade crescente sobre a disseminação da doença no oeste da África.
O novo "czar anti-ebola", como foi apelidado pela imprensa americana, vai se reportar diretamente à Conselheira de Segurança Doméstica de Obama, Lisa Monaco, e à Conselheira de Segurança Nacional, Susan Rice.
Ex-assessor sênior de Obama, Klain iniciou logo o seu trabalho, garantindo que "os esforços para proteger o povo americano com a detecção, o isolamento e o tratamento de pacientes de ebola neste país sejam propriamente integrados, mas não se desviem do compromisso agressivo de deter o ebola na origem, no oeste da África", informou a Casa Branca.
Na Espanha, onde foi registrado o primeiro contágio de ebola fora da África, o estado de saúde da única pessoa infectada melhorou onze dias depois de sua internação, em 6 de outubro. O restante dos casos observados deram negativo para ebola até agora.
Embora na América Latina não tenha sido registrado um contágio, medidas já estão sendo adotadas para evitar eventuais infecções.
A Aliança Bolivariana para as Américas (Alba) realizará uma reunião extraordinária em Cuba sobre o ebola.
A febre hemorrágica, cujo período de incubação é de 21 dias, é transmitida diretamente através do contato com fluidos corporais, como o suor, o sêmen ou a saliva.
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1. O que é ebola?
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1/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
São Paulo -
Ebola é uma
doença viral aguda que causa febre hemorrágica. É causada por três das cinco espécies dentro do gênero. Duas espécies são capazes de infectar seres humanos, mas não parecem causar a doença. Os outros três podem causar graus variáveis de doença. O vírus Ebola Zaire é a estirpe mais mortal, e tem sido identificada como a causa do surto atual. Em epidemias anteriores, esta estirpe teve uma taxa de mortalidade de 90%.
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2. A origem
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2/13 (Frederick Murphy/CDC/Handout via Reuters)
A origem do vírus é incerta. Mas alguns especialistas acreditam que os morcegos podem abrigar o vírus em seu trato intestinal. Os primeiros seres humanos infectados e que espalharam a doença provavelmente caçaram e comeram um animal infectado.
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3. A epidemia atual
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3/13 (Tommy Trenchard/Reuters)
Este já é considerado o maior surto desde que o vírus ebola foi descoberto há quase 40 anos. O surto foi declarado em março, na Guiné. Desde então, a doença se espalhou para a Libéria, Serra Leoa e Nigéria e matou 60% dos infectados. São 1323 pessoas infectadas e 887 mortes, segundo o último balanço da Organização Mundial da Saúde (OMS). Cerca de 60 mortes foram de trabalhadores de saúde que procuravam controlar a doença.
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4. Os sintomas
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4/13 (AFP)
Após o contágio, o paciente pode demorar até 21 dias antes de manifestar a doença. Os sinais são semelhantes aos da gripe, incluindo dores abdominais, febre, vômitos e diarreia. O quadro se agrava com a desidratação, insuficiência do fígado e dos rins, e hemorragia.
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5. Transmissão
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5/13 (Ahmed Jallanzo/Agência Lusa/Agência Brasil)
O vírus é transmitido diretamente pelo contato direto com sangue ou fluidos corporais dos infectados, inclusive dos mortos. O contágio é maior quando os pacientes já estão em estágios terminais, com hemorragia interna e externa, vômitos e diarreia, que contêm altas concentrações do vírus.
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6. O tratamento
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6/13 (Cellou Binani/AFP)
Não há um remédio específico para a doença. Os sintomas costumam ser tratados separadamente. Por exemplo, o soro intravenoso pode evitar a desidratação, enquanto um antitérmico diminui a febre. Já os analgésicos podem diminuir as dores. Aqueles que têm a doença identificada e recebem tratamento mais cedo têm mais chances de sobreviver à infecção. Infelizmente, como os sintomas são genéricos e parecidos com de outras doenças, o diagnóstico pode demorar.
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7. Como se proteger
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7/13 (AFP)
A melhor forma de se proteger da doença é evitar os locais onde há surto de ebola. Entre as recomendações do ministro da Saúde, Arthur Chioro, para quem tiver de viajar para estes países estão, por exemplo, seguir recomendações que serão dadas pelas autoridades sanitárias locais. Chioro aconselha os viajantes a não entrar em contato com secreções, vômitos e sangue das pessoas que são vítimas das doenças, que devem estar em isolamento e tratamento médico.
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8. Epidemia global
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8/13 (Tommy Trenchard / Reuters)
O risco de o vírus ser disseminado da África para a Europa, Ásia ou para as Américas é extremamente baixo, de acordo com especialistas em doenças infecciosas. O professor belga Peter Piot, um dos descobridores do vírus ebola, descartou uma epidemia fora do continente africano, em entrevista à AFP. Mesmo que um portador do ebola viaje até Europa, Estados Unidos ou outra região da África, o cientista não acredita que isto possa causar uma epidemia importante, pois a infecção requer um contato muito próximo. Mas Piot pediu que as vacinas e os tratamentos, promissores nos animais, sejam testados em humanos.
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9. Vacina experimental
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9/13 (sxc.hu)
Pesquisadores americanos planejam testar, em breve, uma vacina experimental contra o ebola. Se bem sucedida, poderá imunizar até 2015 trabalhadores de saúde, que estão na linha de fogo da epidemia. No próximo mês, os Institutos Nacionais da Saúde dos Estados Unidos começarão os testes em humanos da vacina, que já é promissora nas experiências em macacos.
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10. Fronteiras fechadas
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10/13 (Gary Cameron/Reuters)
Guiné, Libéria e Serra Leoa anunciaram na sexta-feira (2) que vão colocar em quarentena a região fronteiriça comum, onde surgiu o último surto do vírus ebola. O anúncio foi feito durante uma reunião de emergência para discutir a epidemia e depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) alertar que o ebola pode provocar uma perda catastrófica de vidas e prejuízos econômicos, caso a epidemia não seja controlada.
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11. Não há mercado para a vacina
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11/13 (AFP)
Segundo a AFP, até agora não se conseguiu convencer as companhias farmacêuticas a investir em uma vacina contra o ebola. Andrea Marzi e Heinz Feldmann, do instituto de virologia NIAID, disseram em artigo publicado em abril que, com surtos esporádicos que costumam afetar um pequeno número de pessoas na África, não existe um mercado comercial para uma vacina contra a doença.
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12. Medicação
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12/13 (Samaritans Purse/Divulgação via Reuters)
Herve Raoul, especialista em patógenos e pesquisador do Instituto Médico Francês de Saúde, disse à AFP que o ideal é desenvolver um antiviral que ajude os doentes a superar a fase mais aguda da doença. No entanto, essa medicação não existe hoje. Atualmente, os especialistas só podem aconselhar medidas preventivas, como isolar os infectados, tomar precauções para evitar o contato com fluidos corporais e enterrar os mortos com rapidez.
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13. Agora veja 10 países onde respirar faz mal à saúde
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13/13 (Reuters)