Usinas de energia eólica serão as mais presentes nos leilões que o governo realizará (.)
Da Redação
Publicado em 10 de outubro de 2010 às 04h11.
São Paulo - Os leilões de fontes renováveis de energia, que acontecerão nesta semana em São Paulo, contarão com forte presença de grandes empresas de energia que atuam em geração hidráulica.
Com o maior número de projetos inscritos, a geração eólica deverá ser o grande destaque dos leilões. A participação em PCHs será restrita, enquanto no segmento de biomassa, a energia vendida deverá vir principalmente de empresas que já produzem para consumo próprio e possuem algum excedente, como companhias sucroalcooleiras.
O Leilão de Reserva de Energia acontecerá nos dias 25 e 26 de agosto. Segundo a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), 366 usinas obtiveram habilitação para participar, e a energia ofertada por elas chega a 10.745 megawatts (MW).
Das 366 usinas, 316 são de energia eólica, 40 são de biomassa e 10 são Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs). Os preços-teto serão de 156 reais por megawatt-hora (MWh) para biomassa, 167 reais para eólicas e 155 reais para PCHs.
Já no leilão A-3 (com entrega da energia no terceiro ano após a concessão), que acontece em 26 de agosto, também estarão incluídas apenas estas fontes de energia. Segundo a EPE, serão 368 empreendimentos habilitados, com 10.415 MW.
Neste leilão, serão 320 empreendimentos eólicos, 33 de biomassa e 15 PCHs. Este evento terá como preço-teto 167 reais por MWh para eólicas e biomassa e 155 reais por MWh para PCHs.
Muitos projetos, no entanto, participarão simultaneamente dos dois leilões.
"O Leilão de Reserva tem como objetivo contratar energia além daquela necessária para atender à demanda dos consumidores. Isso aumenta a segurança e a garantia de fornecimento de energia elétrica no país. Já a energia adquirida no Leilão de A-3 é destinada especificamente ao suprimento da demanda de mercado indicada pelas distribuidoras de eletricidade", explicou a EPE.
Os empreendimentos do leilão A-3 entrarão em operação em janeiro de 2013, enquanto os lotes contratados no Leilão de Reserva iniciam a geração em setembro de 2013 --no caso das térmicas a biomassa, o início de operação poderá ser feito nos meses de setembro de 2011, 2012 e 2013.
"Os leilões deverão ser muito competitivos, mas não acredito em deságio forte. Em energia eólica, o deságio não deve passar de 15 por cento, enquanto no outro (em 2009) foi de 22 por cento", diz o consultor do núcleo de estudos econômico-financeiros da Andrade & Canellas, Ricardo Savoia.
De acordo com ele, esta redução no deságio será resultado do fato de que o último leilão de eólicas possuía usinas com capacidade mais elevada, "que poderiam brigar por melhores preços". "Agora a eficiência será maior, mas os preços estarão atrelados a negociações com fornecedores."
Concorrência entre grandes
Savoia destaca ainda que a participação de grandes geradoras no leilão de eólicas será grande. "As novas PCHs estão ficando cada vez mais distantes dos centros de carga, o que eleva os custos. Além disso, a capacidade brasileira de geração de energia eólica é de 153 gigawatts, o que torna essa geração praticamente inexplorada", diz o consultor.
"As grandes empresas de geração estão entrando em eólica para que a energia seja complementar à hidráulica. Os locais têm alta concentração de ventos e a época de seca é a que mais venta", afirma o diretor-executivo da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Pedro Perrelli.
Em julho, o presidente da CPFL Energia, Wilson Ferreira Júnior, afirmou que a companhia levaria projetos remanescentes de licitação realizada em dezembro passado ao leilão, no segmento de eólica. A Copel também deve participar do leilão por meio de projetos de energia eólica. Cemig e Eletrobras também devem participar, embora não tenham confirmado em que áreas deverão concorrer.
Para Perrelli, "os preços-teto não são favoráveis, não estimulam, mas não é um fator de desistência. O número de participantes mostra isso."
Já para a advogada da Becker, Pizzatto & Advogados Associados, Marilia Pioli, enquanto para as usinas hidrelétricas o marco regulatório é um fator positivo, o mesmo não vale para a energia gerada por outras fontes. "Isso pode colocar somente empresas grandes na disputa", afirma.